quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Diretor-geral da FAO recebe `honoris causa´ pela luta contra a fome

Por Bruno Abreu
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Acabar com a fome não é um quebra-cabeças. Nem sequer algo que demore
muito tempo ou exija grandes investimentos. E há um exemplo disso: o
Brasil, que com o programa Fome Zero diminuiu em grande escala o
problema. O seu grande responsável foi o ex-presidente Lula da Silva,
mas com ele trabalhou também José Graziano da Silva, atual
Diretor-Geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO) que recebeu ontem no Instituto Superior de Agronomia
o doutoramento honoris causa pela Universidade Técnica de Lisboa.


«São quatro décadas de combate à fome. E nestes anos todos o que
percebi foi que com o que temos hoje poderíamos alimentar todos os
cidadãos do mundo. Bastava que não houvesse desperdício e que a comida
fosse canalizada para todos. O Brasil mostrou que isso era possível
rapidamente e a baixo custo», disse José Graziano da Silva.

De facto, para este brasileiro nascido no Ilinóis (EUA) em 1949, filho
de cientistas que investigavam a soja, há um ponto fulcral quando se
fala de ajudar o próximo. «A diferença para se combater a fome depende
da vontade política. É preciso que esta esteja na agenda, como se viu
quando trabalhei com o Lula», afirmou.

O diretor-geral fez questão de sublinhar que a FAO «não dá dinheiro»,
mas «presta assistência técnica». Um dos exemplos aconteceu no Peru,
país de onde a batata é originária. «Em 2009 houve uma crise do trigo
e no Peru as importações, pois eles não cultivam este cereal, estavam
a tornar-se incomportáveis para o orçamento do país. Apesar de serem o
local de origem da batata, que foi descoberta na cordilheira dos
Andes, esta não era consumida. Por isso promovemos o consumo do
tubérculo para que ficassem menos dependentes do trigo», conta.

Não foi por acaso que José Graziano da Silva foi distinguido no
Instituto Superior de Agronomia. Engenheiro Agrónomo de formação, diz
ter nascido «entre a academia e os campos lavrados». Foi por isso com
naturalidade que seguiu o curso, mas foi na «fazenda» do avô, no
interior de São Paulo, que descobriu a fome dos camponeses.

Fotos de António Azevedo 00:08 - 31-07-2012


http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=344800

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