domingo, 19 de agosto de 2012

Incêndios / Algarve: Comandantes dos bombeiros classificam relatório da Liga de "oportunista"

Os 27 comandantes e adjuntos dos bombeiros algarvios que combateram o
grande incêndio de Julho na região contestaram hoje o relatório da
Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) sobre o fogo, que classificam
como "oportunista".

"Como pode este relatório, que consideramos oportunista e com
interesses ocultos, pôr em causa o trabalho de quase uma década, que
muitas vezes é considerado exemplar pelo resto do país?" - questiona o
documento, assinado por todos os 27 comandantes e adjuntos que
estiveram no terreno durante os quatro dias de incêndio que lavrou nos
concelhos de Tavira e São Brás de Alportel.

O relatório elaborado pela LBP acerca do incêndio florestal ocorrido
nos concelhos de Tavira e S. Brás de Alportel conclui ter havido
"falhas graves" na estratégia e coordenação no comando das operações e
que "o dispositivo de combate andou sempre atrás do incêndio em vez de
se antecipar à sua evolução".

Sustenta ainda que "não foi feita uma correcta identificação das
necessidades e o atempado pedido de reforços" e que o método de
combate indirecto e a mobilização de meios "só se verificou de forma
estruturada cerca de 48 horas após o incêndio se ter iniciado".

Em resposta, os comandantes e subcomandantes algarvios - todos os que
estiveram no teatro de operações entre 18 e 21 de Julho - assinalam
que o relator, comandante Duarte Caldeira, manifesta "um total
desconhecimento da actividade desenvolvida pelos corpos de bombeiros"
e um "total desrespeito" pela sua "abnegação e espírito de
entreajuda".

Os comandantes manifestam ainda a sua "perplexidade" pelo facto de os
elementos do Posto de Comando Operacional e os profissionais com mais
experiência não terem sido ouvidos no âmbito do relatório.

Os bombeiros, reunidos quarta-feira para aprovação daquele documento,
manifestam total confiança no Comandante Operacional Distrital e no
Comandante Operacional Nacional, "este último responsável pelo
trabalho de preparação e espírito de corpo" que se traduz na
"reconhecida capacidade de resposta dos Bombeiros do Algarve".

Em contrapartida, acentuam que não reconhecem capacidade técnica,
operacional ou científica ao relator do documento, o qual "apresenta
diversas imprecisões, revelando leviandade" na sua elaboração.

"Só quem não conhece a particularidade e especificidade da Serra do
Caldeirão e a influência do clima mediterrânico é que pode pôr em
causa o comando e controlo da maior operação de protecção civil alguma
vez vista em Portugal", afirmam os comandantes do Algarve.

Lamentando as perdas patrimoniais, os mesmos responsáveis sustentam
que o facto de não ter existido uma única vítima mortal ou ferido
grave é um indicador "do trabalho feito por todos no terreno, que não
pode ser denegrido por aqueles a quem é dado, indevidamente nesta
matéria, tempo de antena".

Observam que no tempo do incêndio foi dada resposta a 1.001
ocorrências, envolvendo 6.536 operacionais e 1.919 meios técnicos.

Em declarações à Lusa, o comandante Paulo Jorge, dos Bombeiros de
Lagos, sublinhou que o relatório foi feito "por decisão da Liga, por
sua iniciativa" e diferenciou o documento do que foi produzido pela
Associação Nacional de Protecção Civil.

"Atendemos mil ocorrências no espaço de três dias, não se pode dizer
que não temos capacidade de resposta", enunciou, manifestando-se
"magoado" com o conteúdo do documento da LBP.

Fonte: Lusa

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/08/16b.htm

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