sábado, 11 de agosto de 2012

Jorge Rosa Santos, master of wine

8 de Agosto, 2012por Patrícia Cintra

Aos 30 anos, o enólogo já passou pelas vinhas da Austrália, Nova
Zelândia, Douro, Azeitão, Alentejo e Colares. Agora acaba de lançar o
primeiro vinho, em parceria com os irmãos, também enólogos. A próxima
meta é concluir o curso Master of Wine, considerado a distinção
suprema. Se o conseguir será o primeiro português a fazê-lo ©SOL/ Sara
Matos
«Quem tem maior influência na qualidade do vinho. O viticólogo ou o
enólogo?» foi a resposta acertada a esta pergunta que colocou Jorge
Rosa Santos mais perto de entrar no famoso Master of Wine, um curso
promovido desde 1953 pelo Institute of Masters of Wine, em Inglaterra,
e que ao longo destes quase 60 anos apenas atribuiu essa distinção a
298 candidatos.

Mas para conseguir ter acesso ao curso, o jovem enólogo português teve
ainda que descobrir as castas de dois vinhos brancos e dois tintos com
base em 15 marcadores, além de acertar nas suas regiões de origem.
Para os curiosos a resposta era Chardonnay e Cabernet Sauvignon.
Quanto às regiões, um era da Borgonha, o outro da Califórnia. Quanto
ao tintos, um do Médoc, na região de Bordéus, outro de Coonawarra,
«uma região muito pequenina na Austrália e que tem um marcador
específico que é o que eles chamam de 'mint character'», esclarece.
Para quem ainda está na dúvida sobre quem tem mais importância no
vinho, Jorge desvenda: «Acho que são os dois porque hoje em dia formam
uma equipa. Há muito conhecimento técnico em cada uma das áreas.
Qualquer modificação que eu faça na vinha tem impacto dentro da adega
porque altera a qualidade das uvas. O viticólogo e o enólogo têm que
trabalhar juntos para um objectivo comum e final que é a qualidade do
vinho».

O curso começa em Setembro, dura em média cinco anos e apenas 10% das
pessoas que entram conseguem concluí-lo. Jorge apresenta as
estatísticas deste ano: «Candidataram-se 25, inscreveram-se 19,
passaram 9». Sim, as possibilidades não são animadoras, mas Jorge está
confiante porque ao passar a derradeira prova tornar-se-á no primeiro
e único português a consegui-lo. Vantagens? «Além da realização
pessoal, vai ser uma ferramenta importante em termos profissionais. Os
Masters of Wine estão espalhados por todo o mundo e em qualquer sítio
onde chegue uma garrafa de vinho, onde haja mercado, são eles os
consultores e estão lá para orientar as pessoas e as tendências».

Mas não é a primeira vez que Jorge se lança assim de cabeça no mundo
do vinho. Depois do curso de Agronomia e de Enologia, rumou à
Austrália e à Nova Zelândia para aperfeiçoar os seus conhecimentos nos
vinhos brancos. No regresso a casa, passou pelas regiões vitivinícolas
do Douro, Alentejo e Lisboa. Mas não só. Em 2004 juntou-se aos irmãos
Vasco e Frederico para lançarem o primeiro vinho de família, o
Explicit. «Em Latim significa o princípio e a verdade. É isso que
queremos transportar para o projecto: vinhos verdadeiros, com uma
identidade forte e que representam o princípio de uma caminhada. É um
projecto para crescer, não em quantidade mas em reconhecimento». A
base de trabalho é a Quinta de Mata Mouros, no Alentejo. Situado na
Serra d'Ossa, o enólogo detalha o tão falado terroir da sua produção:
«Tem uma inclinação de 30% e um solo xistoso». Resultado: «Vinhos
tintos com particularidades muito próprias: uma acidez fora do normal
e uma identidade fortíssima». Sim, vinhos tintos. Para os brancos, os
irmãos Rosa Santos descobriram uma vinha com 100 anos, em solo
granítico, situada a 600 metros na Serra de São Mamede, perto de
Portalegre, apenas com castas autóctones alentejanas. «Não fazemos a
mínima ideia da percentagem de cada uma, mas sabemos que há Antão Vaz,
Arinto, Bual, Alicante Branco, Tamarês e Fernão Pires... É um conjunto
de características únicas e foi uma aposta de sucesso porque o vinho
está a vender-se muito bem, aliás, já foi todo vendido!», revela.

Ao mesmo tempo que se prepara para ser o próximo Master of Wine, e que
desenvolve os vinhos Explicit, ainda arranja tempo para ser consultor
na Quinta do Casal de Santa Maria (Colares), na Casa de Sarmento
(Alentejo) e na Quinta do Rio (Azeitão). «São projectos nos quais
tenho um prazer extremo em participar. E o balanço a fazer não é tanto
monetário mas sim emocional». ?

patricia.cintra@sol.pt

http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=56411

Sem comentários:

Enviar um comentário