segunda-feira, 27 de agosto de 2012

«No contexto atual, a agricultura será para muitos uma oportunidade de criação do próprio negócio»

Secção: Cara a Cara

Cara a Cara - Ricardo Nabais

Tempo de leitura: 4 m



Ricardo NabaisP – Como surgiu o projeto Gesterra?
R – O Gesterra nasceu de uma ideia apresentada no Concurso de Ideias
de Negócio + Ideias Guarda, promovido pela Guarda+ Social, no qual foi
distinguido com o primeiro prémio. Na génese do projeto, está o facto
do interior do país sofrer com a desertificação e com o envelhecimento
da população, que resulta no abandono dos terrenos agrícolas. A
população migra ou emigra, os agricultores mais velhos perdem as
forças, e os terrenos ficam ao abandono por não haver quem os cultive.
Contudo, percebe-se que, por um lado, há terrenos abandonados que
precisam ser cultivados e pessoas que os podem ceder, alugar ou vender
e, por outro, pessoas que precisam e gostariam de ter um terreno que
pudessem cultivar e que lhes proporcionasse alguma sustentabilidade. O
projeto Gesterra procurará constituir-se com uma espécie de "elo de
ligação" entre estes dois públicos distintos.


P – Quais são os seus principais objetivos?

R – Trata-se de um projeto que visa a criação de bolsa de terrenos e
gestão de terrenos abandonados, e que tem como missão promover o
desenvolvimento local e rural, fomentando a agricultura, propiciando
as práticas agrícolas e a preservação da floresta. Os principais
objetivos passam pela diminuição do número de terrenos abandonados,
incentivo da prática agrícola, criação de oportunidade de trabalho
para os mais jovens e para os desempregados, e o desenvolvimento da
venda de produtos naturais.


P – Estamos a falar de um projeto que ganhou o primeiro prémio no
Concurso de Ideias de Negócio + Ideias Guarda. Qual a importância
desta distinção?

R – Esta distinção foi o arranque do projeto. Depois de ganhar o
concurso, o Gesterra passou de uma ideia a prática. Com o prémio, vou
criar uma empresa para concretizar essa ideia, e reunir com os vários
parceiros que constituem a plataforma do prémio, como por exemplo a
associação Pró-Raia, o Nerga, entre outras entidades que me vão ajudar
a impulsionar o arranque deste projeto.


P – Como funciona este conceito?

R – O projeto Gesterra funciona através da sua bolsa de terrenos que
permite que as pessoas disponibilizem os seus terrenos e que outros
manifestem interesse em os tratar. O serviço é disponibilizado através
de um site, no qual são disponibilizados os terrenos. Há uma Bolsa de
Terrenos, que reúne ofertas de terras, inscritas pelos seus
proprietários, e uma Bolsa de Interessados, onde quem procura terrenos
para cultivo se inscreve. Todo o processo é concretizado online
através da Plataforma, pois há um serviço de chat que permite uma
comunicação instantânea entre quem disponibiliza o terreno e quem o
pretende tratar. A equipa do Gesterra pode visitar os terrenos e
ajudar a escolher que tipo de uso dar aos mesmos, assim como dar apoio
técnico para quem se está a iniciar na agricultura.


P – O projeto já está ativo?

R – O projeto já existe online desde julho do ano passado. Após ter
ganho o prémio, comecei a constituir uma equipa de trabalho e a reunir
materiais de divulgação, para que o possamos chegar ao máximo possível
de pessoas residentes no concelho da Guarda. O projeto está ainda em
fase de implementação, sendo por isso necessário ir até junto das
populações. A comunicação social, nesta fase de arranque tem sido uma
preciosa ajuda na divulgação deste negócio. Quanto à empresa, será
constituída quando tiver uma bolsa de parceiros para trabalhar.


P – É possível que, no atual contexto de crise e desemprego, haja uma
procura crescente da agricultura como forma de ultrapassar as
dificuldades, em concreto por parte dos mais jovens?

R – Acredito que sim, e este projeto faz sentido também acreditando
nessa realidade. No contexto de crise em que nos encontramos, as
pessoas não têm emprego e a agricultura será para muitos uma
oportunidade de sustentabilidade e de criação do próprio negócio.


P – E qual o destino final dos produtos criados nos terrenos de gestão
do Gesterra?

R – Os produtos criados nos terrenos sob gestão do Gesterra
destinam-se a venda no comércio tradicional local e população em
geral. A venda dos produtos é concretizada também, através de uma loja
online, e de forma direta em algumas mercearias locais.

http://www.ointerior.pt/noticia.asp?idEdicao=668&id=36623&idSeccao=8642&Action=noticia

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