terça-feira, 7 de agosto de 2012

Povoamentos de uma só espécie potenciam incêndios

FOGOS FLORESTAIS

por Agência Lusa, texto editado por Helder RobaloOntem

O arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles aponta como causa dos
incêndios em Portugal os povoamentos de uma só espécie, que fazem com
que o fogo se propague a grandes extensões.
"Os incêndios surgem por causa de os povoamentos serem
mono-específicos, quer dizer, serem de uma só espécie, alastrando
assim com facilidade a manchas muito grandes", disse hoje à Lusa
Ribeiro Telles, também engenheiro agrónomo.
"Em qualquer caso, não só para os povoamentos florestais, como para os
matos, como para qualquer situação", a dificuldade em fazer o cadastro
dos terrenos e o abandono dos terrenos, o fim das atividades rurais,
ajudam também a que o fogo se propague, indicou.

Inquirido sobre se o facto de os subsídios aos novos agricultores não
separarem agricultura e pecuária, não havendo apoios específicos para
a pecuária, poderá também contribuir para este cenário, Ribeiro Telles
respondeu: "Evidentemente. Quando eu estava a falar de fogos, era em
povoamentos mono-específicos, e não era em montados (sobreiros ou
azinheiras), nem em soutos (castanheiros), porque aí há uma relação
entre o montado e a pastorícia, que deve sempre haver, como no souto."
Já no que respeita às medidas a adotar para tentar reduzir o número e
a extensão dos incêndios no território nacional, apontou: "Primeiro, é
constituir talhões dos elementos que compõem o povoamento e separar
talhões por zonas onde o fogo não progrida da mesma maneira".
Quanto à proposta governamental de reflorestação que não obriga a que
se plante as espécies que arderam, podendo estas, por exemplo, ser
substituídas por eucaliptos, o arquiteto afirmou que concorda "se
forem capazes de suster a plantação de eucaliptos em terras de
qualidade para outra cultura".
O problema, sublinhou, é que isso "normalmente não acontece".
"O eucalipto vai para terras que podiam ser utilizadas de uma forma
mais inteligente e mais contínua, por montado e por souto, porque o
montado e o souto também se podem refazer e plantar - o montado não é
uma herança, é uma herança e pode ser também uma maneira de realizar o
uso da terra, defendeu.

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=2706683&page=-1

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