domingo, 5 de agosto de 2012

Produtores de milho nacionais ganham com valorização na bolsa

Seca ou chuvas torrenciais limitaram colheitas noutros cantos do
Mundo, enquanto por cá os agricultores venderam colheitas a preços
recorde


Em Junho o preço do milho subiu 25%
D.R.
04/08/2012 | 14:17 | Dinheiro Vivo
As alterações climáticas e a crise financeira mundial, que aguçou o
interesse de especuladores pelos mercados de futuros de matérias
primas, têm vindo a contribuir para o aumento substancial das cotações
dos cereais. Após uma valorização de 25% só no mês de junho, a cotação
do milho atingiu em julho o valor recorde de 8 dólares por alqueire
(cerca de 235 euros por tonelada) – situação que poderá "criar algum
sofrimento nos consumidores", mas também proporciona alguma
rentabilidade aos cerca de 100 mil produtores nacionais, segundo Luís
Vasconcellos e Sousa, presidente da Associação Nacional de Produtores
de Milho e Sorgo e da Agromais, o maior agrupamento de produtores de
cereais em Portugal.

"Há aqui uma oportunidade para os agricultores portugueses, pelo menos
a curto prazo. O problema é que, com tal volatilidade, não é possível
fazer previsões de médio ou de longo prazo", lamenta Luís Vasconcellos
e Sousa.
Atualmente, cerca de 100 mil produtores portugueses cultivam 150 mil
hectares, de onde retiram cerca de 750 mil toneladas de milho por ano.
Uma colheita que, aos preços atuais, vale mais de 176 milhões de
euros, quando há apenas 10 anos não passava dos 67 milhões de euros.
"Neste momento, Portugal ainda só produz cerca de um terço do milho
que consome e 20% do trigo, ou seja, está numa situação de fraqueza
quando poderia tirar melhor proveito dos recursos que possui", afirma
Luís Vasconcellos e Sousa, que também é vice-presidente da
Confederação Europeia dos Produtores de Milho e integra o grupo de
peritos para a Política Agrícola Comum (PAC) pós-2013.
Enquanto as alterações climáticas fizeram chover de mais na Ásia e
secaram os campos na América, Portugal beneficiou de uma relativa
estabilidade e, pelo menos, manteve o acesso à agua para regadio. A
água é mesmo um dos mais preciosos recursos do nosso país e pode ser a
chave para a competitividade na agricultura, por isso Luís
Vasconcellos e Sousa acredita que a PAC europeia terá de "assumir
posições diferentes das do passado, quando colocou em causa a sua
própria auto-suficiência". Portugal "tem vantagens, a par dos outros
países do Sul da Europa", que não foram afetados, como no Norte, com
inesperadas vagas de calor ou chuvas torrenciais.
Em termos de procura, o aumento da população mundial e a mudança nos
hábitos de consumo nos países emergentes, com a maior procura da
carne, criada à base de ração que inclui vários cereais, e com o
deficit permanente, quer da Europa, quer de Portugal, as perspetivas
mantêm-se positivas para os produtores nacionais. A única inimiga à
vista é a especulação, contra a qual a própria FAO (Organização das
Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) já alertou que poderão
ter de ser tomadas medidas, uma vez que, pelo lucro bolsista,
inflaciona o preço de alimentos fundamentais para a sobrevivência de
milhões de pessoas em todo o mundo.

http://www.dinheirovivo.pt/Mercados/Artigo/CIECO055310.html?page=0

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