terça-feira, 21 de agosto de 2012

Seca faz cair produção agrícola. 84% do Continente já atingiu o estado extremo e severo

Por Margarida Bon de Sousa , publicado em 21 Ago 2012 - 03:10 |
Actualizado há 13 horas 30 minutos
Os maiores prejuízos atingiram os produtores de pêra, maçã e pêssego

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Este não foi um bom ano para muitos produtores agrícolas, sobretudo
para os agricultores com pomares de pêra, maçã e pêssego. As condições
climatéricas na altura da floração/polinização (frio e geada) não
ajudaram e a produção caiu em flecha. A produção de cereja também
baixou 25%, bem como a batata de sequeiro, que teve uma quebra de 15%.
No final de Julho, 58% do território nacional estava em seca extrema e
26% em seca severa.

Os números, que incluem as previsões agrícolas até 31 de Julho e
foram ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE),
referem igualmente grandes quebras na produção de cereais de Outono,
confirmando as fracas expectativas expressas ao longo da campanha, com
quebras face a 2011 que atingiram os 30% no triticale, 25% na aveia,
20% no trigo mole, trigo duro e centeio, e 15% na cevada.

Neste caso, as quebras nas produções não tiveram apenas a ver com a
diminuição das áreas semeadas, mas também derivaram da quebra de
produtividade originada pelas condições climatéricas extremamente
adversas que se verificaram ao longo de toda a campanha.
Contudo, as searas que foram semeadas mais tarde tiveram um
desenvolvimento vegetativo quase normal, já que beneficiaram da
precipitação ocorrida nos meses de Abril e Maio.

Em todo o território, verificou-se o desvio de algumas searas
inicialmente destinadas à produção de grão para obtenção de fenos e
palhas, tendo ainda sido frequente o pastoreio, de forma a minimizar a
utilização de rações na alimentação do gado.

De um modo geral, ainda segundo o INE, as culturas de Primavera e de
Verão apresentaram um desenvolvimento vegetativo normal para a época,
pelo que não se prevêem quebras de produtividade, devendo o tomate
para a indústria recuperar o rendimento para valores próximos dos
habituais, após a má campanha de 2011. Na vinha prevê-se também alguma
recuperação face ao ano anterior, com um aumento de produtividade de
5% na uva para vinho e de 10% na uva de mesa.

Em termos meteorológicos, Julho caracterizou-se por valores de
temperatura próximos dos normais para a época. Mas já quanto à
precipitação, o mês foi classificado como seco a extremamente seco em
quase todo o território.

A ausência prolongada de humidade nos solos começa a afectar as
culturas permanentes de sequeiro, que já evidenciam indícios de stress
hídrico, e tem obrigado ao aumento da frequência de rega nas culturas
de regadio. Desta forma, o potencial produtivo das culturas de
Primavera e Verão neste ano agrícola é ainda incerto.

Ceifa normal Os trabalhos agrícolas da época, como a realização das
ceifas dos cereais e o corte dos fenos, decorreram sem contratempos.
Os alimentos forrageiros produzidos este ano já estão a complementar a
alimentação animal. Mas a seca condicionou a reposição dos stocks de
alimentos grosseiros (palhas, silagens e fenos), pelo que o seu
impacto poderá estender-se à próxima campanha, particularmente se não
chover até ao início do Outono.
A superfície de milho de regadio mantém-se próxima dos 90 mil
hectares, enquanto a superfície de milho para grão de regadio deverá
ser idêntica à de 2011, ficando igualmente próxima dos 90 mil
hectares. O impulso proporcionado pelos novos regadios e pelas
atractivas cotações internacionais do milho foi atenuado pela redução
das disponibilidades de água para rega nos regadios privados do Sul,
levando muitos produtores a reduzir as áreas ou mesmo a não efectuar
esta cultura, muito exigente em termos de água. As sementeiras
decorreram com normalidade, ainda que com algum atraso, apresentando
as plantas um bom desenvolvimento vegetativo.

No final do mês de Julho, a percentagem de água no solo em relação à
capacidade utilizável pelas plantas apresentava valores inferiores a
10% em todas as regiões a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela
e no Interior Norte.

http://www.ionline.pt/portugal/seca-faz-cair-producao-agricola-84-continente-ja-atingiu-estado-extremo-severo-0

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