terça-feira, 21 de agosto de 2012

Seca nos EUA é efeito das mudanças climáticas, diz especialista da ONU

16 DE AGOSTO DE 2012

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Diante de uma plantação de milho danificada pelo calor, presidente
americano, Barack Obama, prometeu ajuda para os agricultores afetados
pela seca.
REUTERS/Larry Downing
Lúcia Müzell
A grave seca que atinge vários países das mais variadas regiões do
planeta coloca o mundo em alerta sobre os riscos de uma crise
alimentar. A falta de chuva afeta os Estados Unidos e a Rússia,
grandes exportadores de alimentos, e já provocou um aumento de 17% dos
preços dos cereais em apenas um mês. Em entrevista à RFI, Mannava
Sivakumar, diretor do Departamento de Previsões Climáticas da
Organização Meteorológica Mundial da ONU, em Genebra, analisa as
causas deste clima árido .
O especialista afirma que os fenômenos não são relacionados entre si,
mas que em vários países, como no caso americano, a seca é um efeito
direto das mudanças climáticas. "Pesquisas demonstraram que a
probabilidade do forte calor ocorrido no Texas em 2011 ser causado
pelas alterações climáticas era 20 vezes superior a chance de ser por
causas naturais. A mesma situação foi comprovada na Grã-Bretanha, em
que a probabilidade era ainda maior, de 60 vezes", disse. "Na Rússia é
mais ou menos a mesma coisa, e no México também. Mas não se pode
generalizar. Na India, está claro que o fenômeno das monções está
fraco neste ano, fazendo com que 50% do território indiano esteja
afetado pela seca."

Sivakumar lembra ainda que a situação dramática na Espanha, onde os
incêndios florestais de verão já devastaram milhares de hectares, é
normal para uma zona semi-árida.

Embora os dados ainda estejam sendo coletados para este ano, o o
diretor ressalta que a ciência já comprovou que as mudanças climáticas
vão ocasionar cada vez mais períodos longos de fortes secas como o
atual. Por causa disso, a entidade das Nações Unidas vai realizar uma
mega conferência ministerial em março do ano que vem, para impulsionar
os países a se prepararem melhor contra os efeitos da seca, sobretudo
na agricultura.

"Nós queremos estimular todos os países do mundo a criar um plano de
política nacional contra a seca. Há 204 países no mundo, e apenas um
tem um programa nacional: a Austrália", argumentou. "Se existe um
plano, cada governo será obrigado a tomar atitudes sobre o que deve
ser feito, em cada região do país. A falta de políticas adaptadas é a
única causa dos impactos que estamos vendo hoje."

O nordeste do Brasil sofreu com seca entre março e maio, e agora a
tendência é de ocorrência do fenômeno El Nino, que se caracteriza por
poucas chuvas naquela região. José Antonio Aravequia, chefe da divisão
de Operações do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, diz que a tendência é por
menos chuvas nos próximos meses.

http://www.portugues.rfi.fr/geral/20120816-seca-nos-eua-e-efeito-das-mudancas-climaticas-diz-especialista-da-onu

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