Importação disparou
10.08.2012 - 08:05 Por Lusa
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(Foto: Adriano Miranda)
A seca provocou uma quebra de 63% na produção de electricidade a
partir das barragens, nos sete primeiros meses do ano, face ao período
homólogo de 2011, conduzindo a um "enorme aumento" do recurso ao
carvão.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pela associação
ambientalista Quercus, que fez a análise dos dados de produção e
consumo de electricidade entre Janeiro e Julho, em comparação com o
período homólogo de 2011, com base nos dados disponibilizados pelas
redes energéticas nacionais (REN).
Segundo a associação, "Portugal está sujeito a uma enorme
variabilidade climática com incidência no recurso à produção de
electricidade a partir de fontes renováveis, em particular à hídrica".
Este facto, acrescido de algumas condições específicas de mercado, foi
determinante nos primeiros sete meses de 2012, em que o peso das
energias renováveis desceu 15%, de 51,8% para 36,8%, por comparação
com o período homólogo de 2011.
Em declarações à Lusa, Francisco Ferreira, da Quercus, destacou a
queda da produção hídrica nos primeiros sete meses do ano, que "têm
sido um período de seca": "Temos uma quebra da produção hídrica,
principalmente das grandes barragens, na ordem dos 63%, o que leva
também a uma quebra global da produção a partir de fontes renováveis
na ordem dos 15%".
Secas deverão tornar-se mais frequentes
"Portugal deve fazer um caminho para ter 100% de electricidade a
partir de fontes renováveis, mas não é com a grande hídrica que lá
chegaremos, porque o futuro é de maiores alterações climáticas, de
maiores períodos de seca", defendeu, alertando: "O que está a
acontecer este ano é o que acontecerá de forma mais frequente no
futuro."
Por outro lado, realçou que o preço do carvão tem vindo a descer
consecutivamente desde meados do ano passado – resultado da exploração
e oferta cada vez maior de gás de xisto nos Estados Unidos – e a
utilização que está a ser feita deste combustível mineral "tende a ser
cada vez maior".
"Só por causa deste aumento da utilização de carvão, nós temos mais
três milhões de toneladas de dióxido de carbono emitidas", alertou.
Por outro lado, o saldo importador de energia eléctrica teve um
aumento de 364%, representando 18% do total do consumo, ao contrário
de 2011, em que representava 4%.
Consumo em queda
Os dados da Quercus indicam que, até Julho, se verificou "um enorme
aumento" do recurso ao carvão, tendo a central térmica de Sines
registado um crescimento na produção de 72% e, na central do Pego, de
152%, relativamente a 2011.
"Apesar de as centrais a carvão apresentarem baixos níveis de
eficiência energética e elevadas emissões de dióxido de carbono por
kWh [Quilowatt-hora] produzido, o elevado excedente de licenças de
emissão de CO2 à escala europeia, resultante da crise económica,
traduz-se num preço do carbono cerca de três vezes abaixo do que seria
expectável, o que diminui também os custos de utilização", sublinha a
associação.
A Quercus salienta também a redução do consumo de electricidade da
ordem de 3,2% (4,2% se se considerar um correcção relacionada com os
dias feriados e o clima), em relação a 2011, "claro resultado do
abrandamento da actividade económica".
Para Francisco Ferreira, a redução do consumo de luz "é positivo, do
ponto de vista ambiental", porque é um sinal de que os portugueses
"estarão a fazer um uso mais eficiente da electricidade em suas
casas".
http://economia.publico.pt/Noticia/seca-provoca-quebra-de-63-na-producao-de-electricidade-a-partir-das-barragens-1558497
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