domingo, 26 de agosto de 2012

Tiragem e venda de cortiça - Algumas recomendações

10-08-2012

Num ano pouco chuvoso como este, os sobreiros têm pouca humidade
acumulada no entrecasco, o que origina uma tendência para a cortiça
agarrar mais cedo.

Indicamos alguns aspectos a ter em conta para que a tiragem decorra
sem impactos de maior para o montado, e apontamos algumas
recomendações
sobre a venda da cortiça.

Planeamento

Numa situação ideal a tiragem é planeada com antecedência entre o
proprietário e o manageiro do rancho de tiradores. O proprietário deve
conhecer o seu montado e indicar com precisão como quer que o trabalho
seja executado. Devem avaliar se o 'delgado', ou seja a cortiça com
fraca criação e menor espessura, sai ou fica na árvore mais um ou dois
anos, consoante a próxima tirada. É uma fase de avaliação, em que se
tomam decisões. Pode decidir-se que se procede à extração, e em que
moldes, ou pode mesmo optar-se por adiá-la mais um ou dois anos. Um
ano pouco chuvoso pode originar uma campanha mais curta, e uma tirada
com problemas se for feita tardiamente; o mais frequente é a árvore
largar casca.

Dependendo da quantidade de cortiça e da dimensão da propriedade, deve
avaliar-se a possibilidade de juntar ou dividir tiradas. Dividir tem a
vantagem de distribuir o risco no tempo, minorando o impacto de um mau
ano a nível climático, que provoque danos na árvore, e protegendo o
produtor face a oscilações negativas no mercado. Os impostos são
também um factor a considerar e neste caso pode ser vantajoso
distribuir os rendimentos por vários anos. Juntar tiradas pode ser
interessante quando o montado é muito disperso e não se justifique
percorrer o terreno para descortiçar poucas árvores.

Tiragem

A tiragem nem sempre pode ser feita em condições óptimas. Ou porque
não há mão-de-obra disponível no momento certo, ou porque o clima pode
trocar-nos as voltas. Posto isto, durante a tiragem algumas árvores
podem ter problemas; alguns resolúveis, outros não. Um dos mais
frequentes é a árvore largar casca, o que pode ter origem num conjunto
de factores. O profissionalismo e experiência do tirador, apesar de
serem muito relevantes, podem não chegar, pois há condicionantes
difíceis de prever.

Uma especial atenção deve recair sobre os sobreiros virgens. Como este
ano não foi chuvoso, pode ser preferível adiar a desbóia para um ano
melhor, pois a desbóia é já por si mais difícil do que a extração de
amadia. Se no entanto desboiar, lembre-se que o sobreiro deve ter pelo
menos 70cm de perímetro, medido sobre a cortiça, à altura do peito do
tirador. A altura do descortiçamento não deve ser excessiva, devendo
subir um pouco na tiragem secundeira, e depois gradualmente na amadia
enquanto a árvore ainda está em crescimento.

A partir de 2030 a lei obriga a que todos os sobreiros sejam tirados
em pau batido1. É uma obrigação controversa porque, devido ao stress
hídrico e às doenças que afectam o montado, e que se revelam na
própria tiragem, as dificuldades no campo para a implementar são cada
vez maiores. As meças únicas devem ainda assim ser encaradas como um
objectivo a atingir, já que reduz o número de intervenções na árvore.

Os danos no entrecasco devem ser evitados ao máximo. Ventos quentes de
levante, nevoeiros, e chuva, ou a cortiça 'não dar', devem determinar
que se interrompam os trabalhos. Quando uma árvore largar casca, ou
ficar muito picada, deve ser sinalizada para eventualmente lhe ser
aplicado um produto cicatrizante. Há algumas resinas no mercado que
ajudam à cicatrização, atrasam o apodrecimento do lenho, e deixam a
árvore menos exposta a agentes patogénicos. Alguns danos só são
perceptíveis mais tarde, mas mesmo nesses casos a resina pode ser
aplicada tendo uma função selante.

http://www.abolsamia.pt/pdf/noticias/tiragem_cortica.pdf


http://www.abolsamia.pt/news.php?article_id=2689&article_type=noticia

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