segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Vindima atrasada no Douro devido à seca e Verão pouco quente

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22 de Agosto, 2012

As vindimas no Douro começam este ano entre 10 a 15 dias mais tarde
devido ao inverno seco e a um verão pouco quente que atrasou a
maturação das uvas, de acordo com enólogos da região.
É uma situação generalizada a todo o Douro. Este ano o corte da uvas
na mais antiga região demarcada do mundo inicia-se mais tarde,
comparativamente com o ano passado, e os enólogos justificam este
facto com a falta de chuva e de calor.

Em 2011, a 2 de Agosto já se cortavam as uvas brancas na Quinta de
Ervamoira, da empresa Ramos Pinto, localizada no Douro Superior. A
enóloga Teresa Ameztoy disse hoje à agência Lusa que este ano a
vindima dos brancos começou a 13 de Agosto.

Só agora, «as uvas já estão maduras e boas», afirmou a responsável.
Relativamente aos tintos, a vindima deverá começar na próxima semana.
Esta é, segundo Teresa Ameztoy, uma «zona extrema», muito quente.

Em quase todo o resto do território duriense as uvas deverão estar
prontas a colher entre os dias 10 e 15 de Setembro.

A vindima para espumantes da Caves Transmontanas, instalada no
planalto de Alijó, conta com um atraso de «duas semanas». O enólogo
Celso Pereira explicou que o ano vitícola no Douro está a ser «muito
atípico». «Estamos a ter um verão com grandes amplitudes térmicas, com
as noites frias», salientou.

No ano passado, por esta altura, o responsável teve que interromper as
férias para antecipar o corte das uvas.

Celso Pereira não quer, para já, perspectivar quantidades ou qualidade
na produção porque «há muita heterogeneidade na planta».

Um pouco ao lado, em Favaios, o enólogo da adega local, Miguel
Ferreira, referiu que a vindima da casta moscatel começou a 29 de
Agosto do ano passado. Em 2012, deverá arrancar «entre o dia 10 e 15
de Setembro». «Foi um ano de seca e um verão irregular, as
temperaturas não se mantêm elevadas como era costume há décadas»,
frisou.

A queda de granizo a 25 de Julho, que afectou entre 700 a 1000
hectares em Sabrosa, Alijó e São João da Pesqueira, vai influenciar a
produção de vinho. Por causa disso, também se prevê uma quebra no
moscatel. «Acabou por nos retirar cerca de 400 a 500 pipas», salientou
Miguel Ferreira.

A Lavradores de Feitoria junta 18 quintas espalhadas por toda a região
demarcada, desde o Baixo Corgo ao Douro Superior.

O enólogo Paulo Ruão falou num atraso de mais de duas semanas nas
zonas altas e uma semana mais junto ao rio Douro. «Tivemos falta de
água no inverno e um verão menos quente, o que provocou um atraso na
maturação», salientou.

A Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID)
perspectivava uma produção média de cerca de 295 mil pipas, num
intervalo de previsão entre as 269 e as 325 mil pipas. Estas previsões
foram efectuadas com base no modelo pólen, recolhido em Maio nas três
sub-regiões do Douro.

«Começamos com um boa nascença, com bons cachos, mas depois, devido às
condições climatéricas tivemos algum desavinho», explicou Paulo Ruão.

O desavinho é um acidente fisiológico em que não ocorre a
transformação das flores em fruto

Mas, até ao 'lavar dos cestos é vindima', pelo que as condições
climatéricas que se verificaram até ao corte das uvas é que vão
condicionar a produção de vinho no Douro.

«Estamos numa fase complicada. Se tivermos um tempo regular, com calor
razoável, podemos ter boas condições de maturação. Mas se tivermos
chuva na apanha da uva, isso pode-nos prejudicar», frisou.

Lusa/SOL

http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=57376

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