sábado, 15 de setembro de 2012

A insensibilidade dos nossos governantes

ANEFA

Ninguém consegue ficar indiferente ao conjunto de medidas apresentadas
pelo atual governo nos últimos dias.

Enquanto Associação que representa sobretudo pequenas e microempresas,
a ANEFA – Associação Nacional das Empresas Florestais Agrícolas e do
Ambiente não pode deixar de sublinhar o desconhecimento e a falta de
sensibilidade dos nossos governantes na escolha das medidas e
sobretudo do timing para as aplicar.

Associar a descida da TSU, já amplamente anunciada, à subida do valor
da prestação dos trabalhadores à Segurança Social, revela ou
insensibilidade ou desconhecimento do tecido empresarial nacional.

O tecido empresarial português, constituído na sua maioria por
pequenas e microempresas, irá enfrentar, sem ter contribuído para
isso, um dos maiores problemas dos últimos anos, que terá certamente
reflexos ao nível da produtividade das empresas, tão necessária num
momento como este. E esse problema consiste no confronto entre
entidade patronal e colaboradores.

O colaborador, especialmente nas pequenas e microempresas, preocupa-se
essencialmente com o valor líquido que irá receber no final do mês e,
chegada a altura, ao receber menos, vai exigir à entidade patronal a
reposição desse valor, sob pena de se despedir. Acreditamos que numa
grande empresa, esta questão possa não constituir qualquer problema
pois haverá sempre quem o substitua, mas numa pequena ou microempresa
essa não será certamente a realidade. Em primeiro lugar porque, dado o
pequeno numero de trabalhadores, a ausência de um colaborador faz a
diferença, em segundo lugar porque, embora existam hoje muitos
desempregados, a substituição de um trabalhador exige formação e
tempo, que a empresa, face a crise actual e à sua dimensão, não pode
despender.

Como se isso não bastasse, continua a apostar-se unicamente na
vertente exportadora, canalizando todos os apoios para isso, sem que
haja a preocupação de analisar qual o impacto do lucro adquirido por
essas empresas junto das empresas suas fornecedoras, e que só
trabalham o mercado nacional. Seria interessante ver o que aconteceria
ao nosso país se, as empresas que operam apenas no mercado nacional,
por falta de dimensão e capacidade financeira, decidissem parar uma
semana de laborar. Talvez assim lhes fosse reconhecido o devido
mérito.

Ou será que o conselho dos nossos governantes, depois de exportar
recém-licenciados, é de exportar pequenas e microempresas?

A Direcção da ANEFA

Lisboa, 14 de Setembro de 2012

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/09/14e.htm

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