terça-feira, 25 de setembro de 2012

Agricultura vai ser força motriz de crescimento em África

AGRICULTURA

Os alimentos deverão tornar-se no 'novo petróleo' do século XXI e a
produção agrícola em África vai registar um crescimento explosivo,
afirmou Mohit Arora, director do Standard Bank e responsável pela área
de investimento agrícola em África no decurso da conferência da
Produce Marketing Association (PMA), realizada em Pretória, na África
do Sul, onde apresentou uma comunicação intitulada "O crescimento do
'agronegócio' em África". Trata-se, assinalou Arora, de um continente
com um baixo nível de exploração dos seus recursos naturais, o que tem
vindo a atrair a atenção dos investidores internacionais.

O responsável do Standard Bank defendeu que a agricultura vai ser uma
das forças motrizes do crescimento económico em África e que,
actualmente, é já um dos principais factores de interesse no que
respeita aos recursos naturais do continente.

'No âmbito da agricultura, as oportunidades multiplicam-se. Embora
muito esteja por fazer e ainda persista uma certa inércia colectiva,
há sinais claros da forma como estão a evoluir as fortunas
provenientes do negócio da agricultura em África. Só na próxima
década, é previsível que a produção agrícola africana duplique. Como
resultado, irá também crescer a procura de produtos ligados ao sector
do 'agronegócio', abrindo novas oportunidades para uma série de
empresas africanas e internacionais', disse Arora. Acrescentou ainda
que, logo após o aumento dos preços dos alimentos verificado em 2008 e
2009, 463 projectos – num total de a 47 milhões de hectares,
localizados, na sua maioria, na África Subsariana – foram adquiridos
em apenas oito meses. Depois da crise económica de 2009, os
investidores já compraram cerca de 60 milhões de hectares e
registou-se um aumento notável nas empresas de 'private equity' que
estão a investir no sector agrícola africano. Neste momento, existem
mais de 45 investidores de 'private equity' que já anunciaram os seus
planos para investir em toda a cadeia do sector agrícola do continente
africano até 2015.

'Com a crescente procura por terrenos em solo africano, assistimos a
uma competição crescente entre bancos, fundos de investimento,
comerciantes, fundos soberanos e muitas outras empresas para comprar
terrenos em África. Por exemplo, mais de 80 empresas indianas
investiram um valor estimado em USD 2,4 mil milhões na compra ou
aluguer de plantações na Etiópia, Quénia, Madagáscar, Senegal e
Moçambique para o cultivo de cereais e outras culturas destinadas ao
mercado indiano. Note-se que o custo da produção agrícola em África é
quase metade do que se verifica na Índia ', observou.

PRODUÇÃO DE ALIMENTOS TERÁ DE AUMENTAR 70%
Mohit Arora destacou as preocupações crescentes sobre a capacidade da
Terra alimentar uma população de 7 mil milhões de habitantes, número
que está previsto subir para 9 mil milhões até 2050. Para alimentar a
população mundial em 2050, a produção de alimentos terá de aumentar em
70%, necessitando de um investimento total anual médio líquido para o
desenvolvimento da agricultura mundial de USD 83 mil milhões,
realçando o facto de os dois recentes aumentos nos preços globais dos
alimentos terem vindo aumentar ainda mais o nível de preocupação.

Grande parte da procura de alimentos continua a ser proveniente das
populações mais ricas do planeta e de países com maiores níveis de
desenvolvimento. Para muitos dos mercados emergentes, o crescimento da
procura continua a ser resolvido através dos recursos locais.

Arora acredita que a atenção mundial continuará a centrar-se sobre
África porque este é um continente com recursos em abundância.

E como a região Subsariana possui a maior percentagem de terrenos de
cultivo não utilizados em todo o mundo, só esta região pode triplicar
a produção agrícola de todo o continente até 2030.

'Na China, país que acolhe cerca de 20% da população mundial e possui
menos de 8% de terrenos cultiváveis, a área cultivada total deverá
diminuir dos actuais 135 milhões de hectares para 129 milhões em 2020.

Quase metade das cidades chinesas enfrentam problemas de escassez de
água e outras áreas do mundo emergente deparam-se com situações ainda
mais problemáticas. Em 2011, o Bahrein, o Qatar e a Arábia Saudita
foram classificados como três dos quatro países com maiores problemas
ao nível da escassez de água, em todo o mundo. Já, os Estados do Golfo
importam cerca de 60 % dos alimentos que consomem e as suas reservas
naturais de água apenas suportam mais 30 anos de produção agrícola ",
disse o director do Standard Bank.

'Em face destes desafios, é inevitável que a atenção se esteja virando
para África. Estima-se que mais de 60% das terras cultiváveis
disponíveis e inexploradas do mundo estejam na África Subsariana',
sublinhou o responsável do Standard Bank.

http://www.opais.net/pt/opais/?det=28900&id=1551&mid=292

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