sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Comissão Europeia confirma intenção de limitar biocombustíveis

17.09.2012
AFP, PÚBLICO

Criticada pelas organizações não governamentais pelo seu apoio aos
biocombustíveis, a Comissão Europeia renovou nesta segunda-feira a
intenção de limitar a sua produção. Por outro lado, a fileira acusa
Bruxelas de ameaçar milhões de euros em investimentos com esta
reviravolta.

"É errado acusarem-nos de encorajar os biocombustíveis. Fazemos
exactamente o contrário com a nossa proposta de limitar a energia
produzida a partir de biocombustíveis convencionais (de origem
alimentar) a 5% (do consumo final de energia nos transportes) até
2020", garantiram num comunicado comum os comissários Gunther
Oettinger (Energia) e Connie Hedegaard (Clima).

A organização Oxfam defende que se passa o contrário, num relatório
intitulado As sementes da fome, publicado nesta segunda-feira, por
ocasião de uma reunião informal dos ministros de Energia da União
Europeia, em Chipre.

"A União Europeia e os seus Estados-membros contribuíram para abrir
uma corrida mundial aos biocombustíveis, que têm impactos sociais e
ambientais dramáticos", acusa Clara Jamart, responsável da Oxfam em
França, em comunicado. "É preciso renunciar, o mais depressa possível,
às políticas actuais de apoio aos biocombustíveis", acrescentou.

A União Europeia definiu em 2008 três objectivos para 2020: reduzir as
suas emissões de gases com efeito de estufa em 20%, conseguir reduzir
em 20% o consumo de energia e aumentar para 20% a quota das renováveis
na produção de energia. Para isso, as energias renováveis deveriam
representar 10% do consumo no sector dos transportes.

Mas esta legislação aprovada pelos dirigentes da União Europeia não
levou em conta as consequências nefastas da promoção de certos
biocombustíveis, nomeadamente a desflorestação e o impacto na produção
de alimentos. "Os solos necessários para produzir energia a partir de
biocombustíveis para os carros europeus, durante um ano, poderiam
produzir milho e trigo suficientes para alimentar 127 milhões de
pessoas", segundo a Oxfam.

Hoje, Bruxelas considera que é preciso "fazer evoluir o pacote
energético dos biocombustíveis em favor dos mais eficientes" e dos
mais neutros em matéria de impacto nos solos.

"A proposta da Comissão, na versão actual, constitui uma reviravolta
total da política europeia dos biocombustíveis e põe em causa o pacote
energia-clima de 2008", denuncia a fileira do biodiesel numa nota a
que a agência de notícias AFP teve acesso. Nesta nota, a mudança
ameaça 50.000 postos de trabalho directos.

http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1563426&utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PublicoEcosfera+%28Publico.pt+-+Ecosfera%29

Sem comentários:

Enviar um comentário