sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Greve nos portos marítimos paralisa exportações de fruta

Fruticultura – Só na pêra rocha os prejuízos já ultrapassam os dois
milhões de euros

As sucessivas greves em curso nos portos marítimos portugueses estão a
paralisar a exportação da fruta nacional, causando prejuízos elevados.
Só em pêra rocha, segundo os cálculos da Portugal Fresh - Associação
para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal, nestas duas
semanas perdeu-se um volume de negócios de dois milhões de euros.
27 Setembro 2012Nº de votos (0) Comentários (2)
Por:Isabel Jordão




A paralisação está a atingir os portos de Lisboa, Viana do Castelo,
Aveiro, Figueira da Foz, Setúbal e Sines, onde não há cargas nem
descargas dos navios há quase duas semanas. A greve vai prolongar-se
por cinco semanas, com diferentes datas por sindicato, envolvendo os
pilotos de barra e portos, trabalhadores de tráfego, estivadores e
administrações portuárias. Em causa alterações às leis laborais do
sector, que dizem por em causa a qualidade do trabalho.
Embora alheias às razões do protesto, são as empresas com capacidade
exportadora as mais prejudicadas com a paralisação, como é o caso do
sector frutícola.
A exportação da pêra rocha, por exemplo, que estava com uma dinâmica
de "mil toneladas por semana para o Brasil até à semana anterior à
greve, viu reduzida a sua capacidade para apenas 150 toneladas, ou
seja, apenas 15 por cento da capacidade exportadora, disse ao CM
Manuel Évora, presidente da Portugal Fresh, adiantando que as empresas
estão a parar a laboração nas estações fruteiras e a dispensar
trabalhadores.
"Calculamos que nestas duas semanas se perdeu, só em pêra rocha, um
volume de negócios superior aos dois milhões de euros", explicou o
presidente da Portugal Fresh, salientando que está em causa toda a
capacidade exportadora: "Os nossos clientes, perante o incumprimento
das encomendas, podem ver-se na necessidade de encontrar fornecedores
de outros países e quebrarem os circuitos comerciais com as empresas
portuguesas".
O grupo Lusopera, que na colheita de 2012 apresenta um fluxo de 20
contentores por semana para o Brasil, expediu, desde o início da
greve, apenas cinco contentores, mas através dos portos espanhóis, com
um acréscimo de custos de 1500 euros por contentor.
Além disso, viu-se forçada a parar a laboração da estação fruteira e a
dispensar 80 por cento dos funcionários do armazém.
"Independentemente da validade das razões da greve, não deviam
paralisar-se estas estruturas, especialmente em época de crise e
atendendo a que o País precisa de exportar", disse ao CM João Alves,
administrador da Lusopera, defendendo que esta situação está a
"retirar competitividade às empresas portuguesas e a permitir que
fornecedores de outros países forneçam os nossos clientes".
Dificuldades semelhantes estão a ser sentidas na empresa Luis Vicente,
que está a enfrentar perdas nas vendas na ordem das 120 toneladas por
semana de pêra rocha, maçã e ameixa para o Brasil e para o Canadá.
"É o descrédito perante os nossos habituais clientes, devido à não
concretização de encomendas", nomeadamente em "mercados de destino que
foram alvo de investimento da empresa para a promoção dos nossos
produtos", destacou Manuel Évora, administrador da Luis Vicente.
A única alternativa para fazer seguir os contentores por via marítima
é recorrer aos portos espanhóis, o que acarreta "graves
inconvenientes, como o claro aumento de custos para colocação dos
produtos os portos em Espanha e o consequente aumento do tempo de
viagem, o que em produtos perecíveis, como é o caso da fruta, é
absolutamente caótico", salientou o administrador da Luis Vicente e
presidente da Portugal Fresh.
Esta semana, uma missão empresarial constituída por representantes de
12 empresas portuguesas marcou presença na Frutal 2012, considerada a
"grande vitrine da fruticultura, agro-indústria e alimentos" do
Brasil, que se realizou no mais moderno centro de eventos do País, em
Fortaleza, no Ceará. "Estivemos a desenvolver negócios que depois têm
dificuldades na sua concretização, perante estas situações que nos
retiram por completo a nossa competitividade", explicou.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/greve-nos-portos-maritimos-paralisa-exportacoes-de-fruta

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