sábado, 8 de setembro de 2012

Leite: Produtores querem índice de referência de preços

07-09-2012



A APROLEP, Associação dos Produtores de Leite de Portugal, teme pela
extinção da produção de leite no país. «Nas condições actuais, e se
não houver uma inversão das condições e do preço pago aos produtores,
é um risco de médio a longo prazo».

O alerta é dado por Carlos Neves, presidente da associação, em
declarações à Vida Económica, considerando que uma das soluções para
travar este processo é a criação, como está a ser feito em Espanha, de
um «índice de referência de preços das matérias-primas e dos custos de
produção», que permita «mais transparência» e «dar uma indicação
negocial aos operadores do sector».

Os produtores de leite exigem a criação de um índice de referência de
preços, tendo em conta que, apesar da promessa de Assunção Cristas,
ministra da Agricultura, de que o Governo está a recolher junto das
entidades do sector propostas para novas regras de regulação do
mercado do leite, «nomeadamente ao nível dos contratos entre produção,
indústria e distribuição» e que em Setembro deverá apresentar medidas
legislativas a este nível, a situação dos produtores de leite no
Continente piora de dia para dia.


Segundo a associação, nem o novo concurso para a reestruturação e
modernização do sector do leite, lançado em Junho, no âmbito do
Programa de Desenvolvimento Rural (Proder), consegue, no imediato,
salvar a situação. O que pode pôr em causa o abastecimento à indústria
de lacticínios, cujo futuro, lembra a APROLEP, «depende do
abastecimento regular de leite em quantidade e qualidade».

«A maioria dos produtores de leite portugueses foi já informada da
baixa de mais um cêntimo por litro de leite vendido à indústria a
partir de um de Setembro». Aliás, olhando para este ano, «o preço do
leite pago ao produtor desceu entre 2,5 cêntimos e 4,5 cêntimos por
litro desde o início de 2012», revela a APROLEP, descidas que
representam «uma quebra de receita na ordem dos 10 a 15 por cento,
acrescenta.


Em sentido inverso, «muitos produtores tomaram conhecimento da subida
de dois cêntimos por quilo de ração para alimentação dos animais para
o mesmo mês», revelou a mesma fonte, lamentando que se tenham
confirmado «as piores expectativas para os produtores».


A soja, por exemplo, um dos principais componentes da alimentação das
vacas leiteiras, quase duplicou o preço e está, actualmente, a 56
cêntimos por quilo, refere Carlos Neves, temendo «mais subidas em
Setembro devido à seca nos Estados Unidos da América e na Rússia», sem
falar nos preços do gasóleo, que «bateram sucessivos recordes».


Problemas de que também fala a FENALAC (Federação Nacional das
Cooperativas de Leite e Lacticínios), que, em comunicado, lembra «a
situação económica, financeira e social do país», que «tem conduzido a
sérios constrangimentos no rendimento das famílias e na consequente
retracção das quantidades consumidas, afectando também o segmento
lácteo, além de que se assiste uma transferência da opção de compra
para as gamas mais acessíveis».


O eurodeputado Capoulas Santos quer «derrogações à lei da
concorrência» e diz-se «inconformado com a inacção das instâncias
europeias perante o cenário de crise que atravessa o sector leiteiro,
particularmente em Portugal».


Numa declaração enviada à "Vida Económica", o também relator do
Parlamento Europeu para alguns dos relatórios sobre a revisão da
política agrícola comum (PAC), disse que interpelou, a semana passada,
por escrito a Comissão Europeia «sobre que acções a mesma pretende
empreender neste contexto», sublinhando que os decisores políticos
«não podem permanecer indiferentes».


Na carta enviada a Bruxelas, refere Capoulas Santos, foi dito que
«defende uma adequada regulação do mercado do leite para que seja
possível garantir preços à produção minimamente remuneradores», e
admitiu «ser necessário prever derrogações à lei da concorrência, de
forma a ter em conta a especificidade da actividade agrícola, tal como
reconhecida nos termos da legislação comunitária».


Fonte: Vida Económica

http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia44612.aspx

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