quarta-feira, 19 de setembro de 2012

“O financiamento é o problema número um do país”

Entrevista

Filipe Garcia e Cátia Simões
19/09/12 00:05

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Para a ministra, o ano de 2012 não compara mal, no que toca a
incêndios, com outros anos de seca.

Assunção Cristas, em entrevista ao Diário Económico, não quis fazer
comentários sobre a crise política e garantiu estar confortável com a
dimensão do Ministério que tem sobre sua tutela. A ministra da
Agricultura relevou que tem várias medidas legislativas em cima da
mesa para aprovação.

Portugal vai ter de devolver 89 milhões de euros a Bruxelas na questão
do controlo do parcelamento de terras e pediu para começar a pagar a
partir de 2014. Isso já foi assegurado?
Há um acordo verbal relativo ao pagamento a partir de 2014.
Infelizmente, fruto de durante sete anos não ter sido feita a revisão
do parcelário agrícola, estamos a pagar uma multa de 45 milhões de
euros, que esperamos que também fique suspensa. Temos esta, que
conseguimos reduzir para 89 milhões porque este ano fizemos o nosso
trabalho. E ainda há mais duas multas, todas do passado. Isto é tão
mais custoso quando comparamos com o orçamento que temos para apoiar
os fundos da agricultura este ano, que são 100 milhões de euros. Isto
é dramático... É uma situação difícil, herdada, que teve a ver com
inércia durante seis anos de governação socialista e que nos penaliza.

Esse trabalho será aproveitado para a bolsa de terras? Quando espera
tê-la a funcionar?
Será aproveitado para o cadastro. A inclusão na bolsa será limitada
durante 15 anos, ou seja, não se pode vender não vá o proprietário
entretanto aparecer. A lei está no Parlamento e espero que seja
aprovada ainda este mês ou no início do próximo. A ideia é ter um
sistema de informação central na Internet e uma mobilização local
através de várias entidades. A primeira deverá ser a bolsa de terras
do Alqueva, que procuraremos que seja gerida pela EDIA - Empresa de
Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva.

Falou do Alqueva. O que pensa quando vê projectos como o de José
Roquete, que não avançou por alegada falta de financiamento dos
bancos?
O financiamento bancário é o problema número um do nosso país. E é
para podermos rapidamente deixar de ter esse problema que estamos
todos a trabalhar no Governo. Sentimos isso no próprio aproveitamento
dos fundos comunitários para a agricultura porque muitos são aprovados
e depois as pessoas não conseguem executá-los. Agora, basta olhar para
o comportamento da nossa dívida para perceber que o país se
credibilizou e está no bom caminho.

Este ano houve mais 80% de área ardida face a 2011. Já foi
identificado o que é que falhou?
Este ano tem de ser comparado com anos de seca. Em 2003 vemos que a
totalidade de área ardida foram 425 mil hectares; em 2005 foram 339
mil hectares. Este ano estamos em 86 mil hectares.

Há alguma coisa a ser preparada para a reflorestação?
No PRODER temos medidas de emergência que têm de ser feitas agora para
impedir a erosão dos solos e contaminação das linhas de água e essas
estão já em marcha. Estamos a procurar agilizar candidaturas à luz do
elemento da emergência e o acesso a um fundo comunitário que, na área
da floresta, tem cerca de 100 milhões de euros.

António Borges defendeu que era preciso baixar os custos de produção
para promover a competitividade. Concorda?
Temos sempre de baixar os custos de produção para sermos mais
competitivos. Sinalizo que a agricultura tem feito um caminho notável
com mais produtividade, com o número de explorações a diminuir, mas a
ficarem maiores e mais lucrativas. E vemos mais gente a chegar à
agricultura. Por mês em média registaram-se 200 novos jovens
agricultores.

O sector do leite tem estado envolto em polémica por causa da questão
das quotas...
A luta pela manutenção das quotas estamos a fazê-la em Bruxelas e, se
não for possível, ter apoios e compensações específicas para o sector.
A legislação está a ser trabalhada, tínhamos dito que durante o mês de
Setembro a íamos propor e estamos a trabalhar para que seja possível
enviá-la aos parceiros para uma última leitura. Há também outro
trabalho que está a ser feito junto da Comissão Europeia para pedir
apoios específicos por causa da dificuldade que o sector está a
atravessar neste momento, devido à seca mundial.

Vê com bons olhos a possibilidade de lhe encurtarem os pelouros?
A minha resposta é sempre a mesma: não fui eu que defini a orgânica do
Ministério. O meu trabalho é fazer o melhor que posso em todas as
áreas procurando encontrar as conexões entre elas. Aceitei o desafio,
estou muito confortável. Se me pergunta se é incómoda a dimensão do
Ministério digo-lhe que não. É exigente mas permite-nos resolver
problemas que de outra forma não seriam resolvidos.

http://economico.sapo.pt/noticias/o-financiamento-e-o-problema-numero-um-do-pais_152100.html

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