sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O mundo está perto de uma crise alimentar

27/09/2012 às 06:30


Embora o mundo estava esperando por uma boa colheita nos Estados
Unidos, para reabastecer os estoques de grãos que estão bem baixos,
não é mais verdade. Os estoques mundiais de grãos irão cair ainda mais
no final deste ano-safra, fazendo com que a situação alimentar fique
ainda mais precária. Os preços dos alimentos, já elevados, irão
acompanhar. Não é apenas a situação atual de alimentos se
deteriorando, mas o sistema alimentar global em si.
Nós vimos os primeiros sinais de o desmoronamento em 2008 na sequência
de uma duplicação abrupta nos preços mundiais de grãos. Como os preços
mundiais dos alimentos subiram, os países exportadores começaram a
restringir as exportações de grãos para manter os preços dos alimentos
no mercado interno. Em resposta, os governos dos países importadores
ficaram em pânico. Alguns, agricultores optaram por comprar ou alugar
terras em outros países para produzir alimentos para si mesmos.
O mundo está em sérios apuros na em sua cadeia alimentar. Mas há pouca
evidência de que os líderes políticos do mundo, ainda não entenderam a
magnitude do que está acontecendo. O progresso na redução da fome nas
últimas décadas foi revertido. O tempo está se esgotando. O mundo pode
estar muito mais perto de uma escassez de alimentos incontrolável,e a
instabilidade política contribui para isto. Por outro lado, prestes a
chegar em 2015 como um dos únicos países a atingir a primeira meta dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) – que é o combate à
fome, o Brasil passará a oferecer ajuda e acompanhamento a países que
pretendem atingir este objetivo e que ainda não têm programas de
segurança alimentar.
A informação é do representante da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Gustavo Chianca.O governo
brasileiro e o órgão da ONU assinaram recentemente um acordo de
cooperação para fortalecer a segurança alimentar no Brasil e no mundo.
A ideia é usar os respectivos recursos técnicos e humanos para a
realização de treinamentos, estudos e diagnósticos baseados no
intercâmbio de experiências entre os países da Tríplice Fronteira e
outros países da América Latina e do Caribe.
O Brasil atingiu a meta do combate à fome no ano de 2010, portanto,
cinco anos antes do fim do prazo estabelecido pela ONU. Segundo
Gustavo Chianca, o Brasil "é um exemplo de combate à fome" e todos os
programas que foram desenvolvidos pelo governo hoje são modelos que
podem ser utilizados por outros países. No começo deste mês, a
Organização das Nações Unidas (ONU) publicou estudo no qual afirmou
que três dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio foram
atingidos mundialmente antes do prazo final, de 2015, mas nem por isso
a situação é confortável. Até agora, os estados-membros conseguiram
reduzir pela metade o número de pessoas vivendo na extrema pobreza,
cortar à metade a proporção de pessoas sem acesso a água potável e
melhorar a vida de pelo menos 100 milhões de habitantes de favelas. É
um acordo de cooperação que visa a apoiar a cooperação Sul-Sul do
Brasil para outros países, via FAO, com apoio técnico de ambos os
lados. É uma junção de forças.
Esse acordo tem como função apoiar os trabalhos e desenvolver
estratégias de cooperação nas áreas de segurança alimentar,
agricultura familiar, meio ambiente, pesca. Enfim, em várias áreas que
tiveram trabalho forte desenvolvido no Brasil com lições aprendidas
nessas regiões. Em 2000, foram lançados os Objetivos do Milênio e o
primeiro objetivo era que todos os países até 2015 conseguissem
erradicar a fome, e o Brasil superou as expectativas.

Paulo Nogueira é jornalista, membro da associação brasileira de
jornalismo científico

http://www.jornaldeuberaba.com.br/?MENU=CadernoA&SUBMENU=Opiniao&CODIGO=46338

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