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3 de Setembro, 2012
A principal barragem do Vale da Vilariça, no Nordeste Transmontano,
deixou de regar por falta de água, pondo em causa a produção e o
investimento numa das zonas mais férteis do país, confirmou hoje a
Associação de Regantes.
O presidente daquela organização, Fernando Brás, adiantou à Lusa que a
barragem da Burga foi fechada no sábado por ter atingido a cota mínima
de exploração, a partir da qual não é permitido retirar mais água.
Segundo a descrição feita por aquele responsável, apesar de nesta
altura o pêssego estar em final de colheita, ainda há fruto nas
árvores que fica comprometido, a azeitona de conserva dificilmente
atingirá o calibre necessário e os pomares do Vale da Vilariça podem
não resistir se a seca se prolongar.
«As árvores não conseguirão frutificar em condições no próximo ano e
perdem-se milhões de investimento», afirmou.
Há quase um ano que os agricultores do vale vêm alertando para o
problema e, em Fevereiro, transmitiram as suas preocupações
directamente à ministra da Agricultura, numa visita de Assunção
Cristas à região.
Naquela ocasião, a falta de pastos era a consequência mais visível da
seca, mas também já era notória a falta de água na principal das três
barragens do regadio, a da Burga, que este ano ficou a um terço da sua
capacidade de armazenamento, devido à falta de chuva no inverno.
Em Junho, no início do período crítico de rega, o presidente da
Associação de Regantes, Fernando Brás, voltou a alertar que as
reservas existentes seriam insuficientes para aguentar a rega durante
todo o verão, o que veio a confirmar-se.
A associação que representa cerca de 800 beneficiários tem um projecto
para minimizar a situação que já tem assegurado financiamento do
PRODER para os 2,2 milhões de euros necessários, mas que «continuam à
espera que o Ministério da Agricultura desbloqueie as verbas
comunitárias e a respectiva comparticipação nacional de 25 por cento»,
segundo o dirigente agrícola.
O projecto prevê a construção de um dique para reforço do caudal da
barragem da Burga, embora o presidente da associação defenda que a
solução definitiva para o problema de armazenamento de água terá de
passar pela construção de mais uma pequena barragem no caudal da
Burga.
O projecto contempla ainda a instalação de contadores para
racionalizar o uso da água e faz parte de um plano de investimentos da
organização agrícola que abrange também a actualização do cadastro, a
elaboração de um sistema de informação geográfica e a reorganização
cultural do vale para adequar o tipo de cultura ao clima e solo.
Nos planos estão também a criação de um agrupamento de produtores para
comercializar os produtos da zona, nomeadamente a fruta.
Lusa/SOL
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=58241
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