sábado, 8 de setembro de 2012

Produção nacional de leite "à beira da extinção"

Encerramentos de explorações, ausência de margem de lucro e custos da
produção levaram milhares a Lisboa para exigir medidas do Governo


2 mil produtores manifestaram-se na AR
D.R.
04/09/2012 | 21:00 | Dinheiro Vivo
Levantou-se às seis da manhã, tratou das vacas e meteu-se a caminho de
Lisboa. Percorreu 340 quilómetros desde Famalicão para defender o seu
ganha pão: a produção de leite.

José Luís Araújo, 35 anos, era um dos cerca de 2 mil produtores de
leite que ontem se manifestaram frente à Assembleia da República,
pedindo a intervenção do governo num sector que dizem "está à beira da
extinção". Na família Araújo a produção de leite já vem do tempo dos
bisavós. Há 15, José Luís Araújo começou a trabalhar a exploração dos
sogros num "misto de aventura e risco". Hoje, admite, o risco suplanta
em larga medida a aventura. "As receitas são absorvidas pelos custos
de produção", diz. "Tenho uma empresa familiar e eu e a minha mulher
vivemos com dois ordenados abaixo do salário mínimo", afirma.
A marcha dos produtores rumo ao Parlamento começou com bombos e
acordeões, mas não o ambiente não era de festa. Por entre palavras de
ordem - "Cristas escuta o leite está em luta" e "Onde está o Paulinho
das feiras?" - e cartazes - "Grandes superfícies cangalheiros da
agricultura" - centenas de produtores refugiavam-se à sombra dos
edifícios frente ao Parlamento. O sol impedioso levava o termómetro
aos 35 graus centígrados. Outros procuravam pelos cafés das redondezas
garrafas de água para matar a sede. E faziam contas à vida, difícil.
António Campos herdou do pai a vacaria. Hoje o produtor de Gondifelas
(Famalicão) vê cair entre 30 a 40% a sua faturação, já a margem de
lucro "reduziu a 100%". "Aguento-me porque não pago renda", admite. As
terras são do pai.

http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO057798.html

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