domingo, 21 de outubro de 2012

As amendoeiras também se varejam

Mogadouro



Para não deixar perder a tradição, a associação ALDEIA organizou, no
passado sábado, um dia de apanha tradicional de amêndoa. A actividade
decorreu num terreno da colectividade na aldeia de Urrós, no concelho
de Mogadouro.
"Esta actividade é importante para que não se esqueçam estes usos
antigos, pois economicamente já não é muito viável", refere Ana
Guerra, técnica da associação, acrescentando que "ainda há muitos
produtores da região que mantêm esta apanha tradicional".
Quanto à produção, "no ano passado apanharam-se nove sacas, mas este
ano é muito mesmo porque está a ser fraco para toda a agricultura.
Ainda só apanhámos duas sacas", refere. Depois "vamos tentar vender
alguma para manter o nosso projecto", salienta.
Sérgio Pérez e Cristina Pérez vieram propositadamente de Madrid
(Espanha) para participar nesta apanha tradicional de amêndoa. "É
muito bom para que estas tradições não se percam no tempo e estamos
também a ajudar a associação. Vale a pena", garante Sérgio Pérez. "É a
primeira vez que faço isto e estou encantada. É bom colaborar nesta
recuperação de tradições para que elas não se percam, refere Cristina
Pérez, que explica: "estou a apanhar para o balde as que caem fora da
rede, pois tem de se aproveitar tudo".

Separar a amêndoa

Além do trabalho de varejar as amendoeiras para que o fruto caia,
também é preciso retirar as amêndoas que ficam dentro da casca. "Aqui
estamos a separar a amêndoa dos galhos que acabam por cair da árvore e
tiramos a casca àquelas que não libertaram bem a casca exterior. Assim
já fica pronta para depois se vender", explica Isabel Sá, da
associação ALDEIA. Esta tarefa foi feita pelas mulheres do grupo. "Foi
porque calhou. Não têm de ser só as mulheres. Eles continuaram a
varejar e nós ficamos neste trabalho", acrescenta a dirigente.
Para animar os apanhadores, houve também tocadores de gaita de
serviço. "Nós estamos cá para ajudar no trabalho, mas já que trouxemos
as gaitas damos um bocado de música. Trabalha-se melhor ao som dela",
afirma João Raimundo. "A ideia é ajudar a criar bom ambiente para as
pessoas se distraírem enquanto trabalham e ao mesmo tempo se
divertem", conclui Pedro Almeida.
Dentro de poucos meses, a associação ALDEIA volta a reunir-se, mas
desta vez para a apanha da azeitona.
No próximo ano, a colectividade conta instalar naquele terreno duas
colmeias para se iniciar na produção de mel. "Já as temos, mas estão
junto a nossa casa porque como o ano foi seco tivemos de ser nós a
alimentar as abelhas", afirma Ana Guerra.

http://www.jornalnordeste.com/noticia.asp?idEdicao=442&id=17841&idSeccao=3955&Action=noticia#.UIJNvcVVaM4

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