terça-feira, 9 de outubro de 2012

Brasil, China e Índia unidos contra negociações na OMC sem agricultura

Representantes junto da Organização Mundial do Comércio (OMC) do
Brasil, China, Índia, Argentina, Nigéria e África do Sul
manifestaram-se discordar uma possível nova ronda de negociações que
excluísse a agricultura.

"Aceitar uma nova ronda sem agricultura ia condenar uma grande parte
da população mundial à pobreza. A agricultura não pode ser tratada
como uma mera inconveniência para o mundo rico", afirmam os países, em
carta enviada à publicação inglesa The Economist e divulgada pelo
Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

O texto lembra ainda que os produtos agrícolas representam mais de 60%
das exportações de alguns países em desenvolvimento e são, de acordo
com o Banco Mundial, a principal fonte de rendimento e emprego para
70% do mundo rural mais pobre.

A carta, assinada pelos representantes junto da OMC do Brasil,
Argentina, China, Índia, Nigéria e África do Sul, foi escrita em
resposta a um editorial da revista britânica ("Goodbye Doha, hello
Bali"), publicado a 08 de setembro, no qual se defendia que as
negociações para a liberalização do comércio mundial não podem ficar
reféns da agricultura, tema que interessa principalmente aos países
mais pobres e em desenvolvimento.

"Vocês [o editorial] sugerem que os países mais pobres devem abandonar
a agenda porque economias mais ricas não estão dispostas a fazer as
mesmas difíceis decisões políticas que eles pedem ao mundo em
desenvolvimento", critica o texto.

A Ronda de Doha, que pretendia negociar a abertura dos mercados
agrícolas e industriais, começou em novembro de 2001, com previsão de
ser concluída em 2006. Os subsídios agrícolas foram o grande impasse
que impossibilitou um acordo.

Na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, António
Patriota, considerou que a pressão dos Estados Unidos para que as
negociações sejam retomadas apenas com bens industriais e serviços não
interessam ao Brasil e é um dos motivos que leva o país a reforçar o
interesse num possível acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) integra a Argentina, Brasil, Uruguai
e Venezuela. O Paraguai foi temporariamente suspenso, na sequência do
processo de destituição do presidente Fernando Lugo.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Brasil/Interior.aspx?content_id=2817935&page=-1

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