segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Caçadores reclamam compensação pela existência de coelho bravo

Ambiente


A FENCAÇA alerta para que a recuperação do Lince-Ibérico ficará
comprometida se não tiver a envolvência dos caçadores, que exigem ser
ressarcidos pelos custos da recuperação do coelho bravo, o principal
alimento do felino em vias de extinção.

28 Outubro 2012
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"O lince, quando for colocado na natureza, não sobrevive se não se
alimentar de coelho bravo, mas os milhares de euros alocados ao
projecto não chegam aos caçadores e proprietários que tem suportado os
custos da recuperação deste que é o seu principal alimento", disse à
agência Lusa o presidente da Federação Portuguesa de Caça (FENCAÇA),
Jacinto Amaro.

O alerta da FENCAÇA surge numa altura em que, segundo o presidente, "o
processo de recria em cativeiro, está a ser bem-sucedido e há animais
prestes a serem colocados na natureza".

De acordo com Jacinto Amaro, a reintrodução do Lince-Ibérico na
natureza está prevista para as zonas de Mértola e Moura-Barrancos onde
"existem mais de uma centena de zonas de caça associativa que têm
suportado os custos da recuperação e manutenção do coelho bravo", o
principal alimento do lince e que "não estão a ser ressarcidos desses
custos".

Se cada lince "comer um coelho por dia, serão 365 coelhos vezes o
número de linces em liberdade que desaparecerão e cujos custos da sua
reposição recaem sobre caçadores e proprietários", frisa o responsável
pela federação que emitiu já um comunicado em que expressa a
preocupação dos associados.

"Já era altura de o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e
Florestas) perceber que a recuperação do lince só terá sucesso se
tiver a envolvência dos proprietários das terras e dos caçadores",
refere o comunicado que denuncia que as verbas do projecto "estão a
ser distribuídas por um conjunto de entidades que em nada contribuem
para que possa haver sucesso na sua reintrodução".

Para a FENCAÇA trata-se da "repetição do que foi o desperdício de
fundos, há alguns anos, na Serra da Malcata", onde esteve em curso o
projecto de recuperação do Lince, e que poderá comprometer o sucesso
da operação.

Os caçadores reclamam que partes das verbas do projecto sejam
canalizadas para as associações de caça onde "os caçadores pagam taxas
elevadíssimas e não têm benefício nenhum por contribuírem para
subsistência do Lince".

O projecto de recuperação do Lince Ibérico é coordenado pelo ICNF, com
base num plano de acção publicado em 2008 e que define o modelo
estratégico do programa de reprodução em cativeiro e, numa segunda
fase, a recuperação e manutenção do habitat favorável para a
reintrodução de espécimes em territórios adequados.

A reprodução em cativeiro foi desenvolvida no Centro de Reprodução de
Lince-ibérico, em Silves, que de acordo com o site do ECNF conta com
18 linces (são nove fêmeas e nove machos).

A Lusa questionou o ICNF sobre o número de animais e os locais onde
estes serão reintroduzidos na natureza, mas ainda não foi possível
obter os esclarecimentos.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/cacadores-reclamam-compensacao-pela-existencia-de-coelho-bravo

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