terça-feira, 30 de outubro de 2012

Crise poderá aumentar casos de brucelose

Há mais tendência de criar animais para consumo próprio

Por: tvi24 | 29- 10- 2012 17: 59
Suinicultura

A investigadora do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge
(INSA) Ana Pelerito afirmou esta segunda-feira que a crise poderá
aumentar os casos de brucelose, porque há mais tendência de criar
animais para consumo próprio.

Ana Pelerito disse à agência Lusa que, devido à crise económica, a
criação de animais em casa e o fabrico de produtos lácteos para
consumo próprio, sem controlo veterinário, irá aumentar em meios
rurais.

«A crise é enorme. Se as pessoas tiverem, por exemplo, uma vaca em
casa, a criarem e conseguirem tirar leite e carne, vão minimizar muito
os custos», disse a investigadora, à margem do workshop
«Biossegurança: Doenças Infecciosas, uma potencial ameaça biológica»,
que decorre em Lisboa, no INSA.

Segundo a investigadora, as notificações de brucelose rondam os 80 a
100 casos por ano, em Portugal, a maioria no Alentejo e no interior do
país.

Contudo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) refere que a incidência
da doença deve ser cinco, a seis vezes superior aos casos notificados.

«Se calhar temos 500 a 600 casos por ano, que não estão a ser
notificados e detetados», disse a investigadora.

Para controlar a doença, a investigadora defendeu que tem de haver um
controlo total dos alimentos e dos animais.

«Normalmente, quando há um caso de brucelose, temos sempre um surto.
Portanto, se conseguirmos controlar e saber qual é a origem [da
doença], conseguimos minimizar os efeitos e evitar que haja a
transmissão da doença», explicou.

As autoridades recomendam que sempre que haja um caso suspeito seja
comunicado à Direção-Geral de Saúde (DGS) ou ao INSA, para evitar a
cadeia de transmissão da doença, que está muito associada a zonas
rurais, onde há mais criação de animais e menos controlo.

No encontro, Ana Pelerito adiantou que a «brucelose é uma doença
emergente, com 500 mil novos casos por ano no mundo», e «passível de
ser utilizada como arma biológica».

«Numa cidade como Lisboa, se dispersássemos aerossóis contaminados com
brucela, a taxa de mortalidade seria de 150 pessoas, mas a taxa de
morbilidade [pessoas doentes que recorreriam ao hospitais] rondaria as
27 mil pessoas», explicou.

No encontro, foi ainda abordada a tuberculose, uma doença que tem
vindo a registar uma diminuição de casos desde 2002, disse Ana Rita
Macedo, da Direção-Geral da Saúde.

«Somos um país de incidência intermédia, mas com uma diminuição de
casos desde 2002», disse Ana Rita Macedo, adiantando que Beja, Faro,
Lisboa, Porto e Setúbal são os distritos que apresentam os valores
mais altos.

No caso da tuberculose multirresistente, Portugal também tem
apresentado um «decréscimo consistente» do número de casos, estando
praticamente circunscrita à região de Lisboa e Vale do Tejo,
acrescentou.

Em declarações à Lusa, o investigador do Instituto de Medicina e
Higiene Tropical Jaime Nina disse que a tuberculose tem uma componente
de transmissão social muito importante, que está associada às crises.

«Transmite-se mais facilmente quando há condições habitacionais más.
Coisas que parecem simples como subir o preço da eletricidade,
significa que há menos gente a ter aquecimento central de inverno,
significa que a tuberculose é mais transmissível», exemplificou.

http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/brucelose-animais-crise-tvi24/1388097-4071.html

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