domingo, 28 de outubro de 2012

Estados Unidos abrem guerra ao azeite da Europa, Portugal incluído

Produtores europeus preocupados com o aumento nos custos de
exportação se o produto passar a ter de ser testado à entrada no país

Azeite
Azeite europeu sob ataque dos EUA
D.R.
25/10/2012 | 10:27 | Dinheiro Vivo

Os norte-americanos não sabem distinguir o bom azeite extra virgem do
azeite rançoso, por isso, o lobby dos produtores de azeite da
Califórnia chamou a si a responsabilidade de educar os consumidores
compatriotas e quer dificultar a entrada do produto importado,
nomeadamente o português.

Os produtores históricos e maiores exportadores europeus de azeite -
Itália, Espanha, Grécia e Portugal - serão afetados se a «marketing
order» federal entrar em vigor a nível nacional, mas, por agora, nada
mais podem fazer se não apoiar a North American Olive Oil Association,
que inclui como membros os maiores importadores e distribuidores de
azeite, e o Conselho Internacional do Azeite, entre quais se inclui a
portuguesa Casa do Azeite.

Se o azeite for incluido na "lista 8e" de produtos importados nos EUA,
terá de ser submetido a "uma série de análises e procedimentos
complexos, dispendiosos e burocráticos que visam, acima de tudo,
dificultar a entrada no produto nos EUA", explica Mariana Matos,
secretária geral da Casa do Azeite.

A marketing order já foi aprovada em algumas das muitas instâncias
que, nos EUA, terá de percorrer até ser aceite plenamente em vigor,
devendo ser apreciada pelo Congresso ainda este ano. Os europeus terão
"maiores custos para colocar o azeite no mercado norte-americano" se a
proposta passar, o que está a causar preocupação na Europa.

Sabendo-se que só 2% do azeite consumido nos EUA é produzido no país,
e sendo este o maior importador mundial de azeite, os produtores
californianos não tiveram problemas em associar a má qualidade ao
azeite dos produtores europeus.

Mas esta não é uma guerra sobre padrões de qualidade, assegura Mariana
Matos. "É uma guerra comercial pura", refere, duvidando também que "os
produtores emergentes na Califórnia consigam, de um dia para o outro,
abastecer mais do que os atuais 2% do mercado".

A Itália tem vindo a aumentar as exportações de azeite para os EUA,
nos últimos cinco anos, em médias anuais acima de 50%, sendo
responsável por 149,44 toneladas das 292,049 toneladas que a UE, no
seu conjunto, coloca nos EUA.

Portugal surge em quarta posição entre os europeus, com apenas 1,890
toneladas exportadas e tímidos incrementos anuais que não chegam a 1%,
entre 2006 e 2011. A Austrália, por exemplo, país onde a olivicultura
é ainda um negócio emergente, conseguiu, em 2011, exportar 1,904
toneladas de azeite para os EUA.

Na evolução das importações de azeite pelos EUA, segundo os dados
divulgados em julho passado, pelo Conselho Oleícola Internacional, a
União Europeia tem vindo a perder quota, progressivamente, para os
novos produtores do norte de África, como Marrocos, ou os
australianos. De 80% do negócio a pertencer à UE, entre 2006 e 2010,
no ano passado cifrou-se em apenas 76,1%.

Os maiores compradores do azeite virgem português, em quantidade, e em
2011, foram o Brasil (53,2%), a Espanha (29,7%) e a Itália (7,4%),
representando as exportações para os EUA apenas 2%. Mas no caso do
azeite a granel e embalado, as exportações para os EUA foram um pouco
mais expressivas, com 5,3%, sendo o quinto maior comprador do azeite
lusitano. No total, em valor, não atingiram os cinco milhões de euros.

http://www.dinheirovivo.pt/Empresas/Artigo/CIECO066656.html?page=0

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