quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Pêra rocha perde um milhão por semana devido com greve nos portos

A greve nos portos, que dura há quatro semanas, está a prejudicar as
exportações. Só a pêra rocha estará a perder vendas de, pelo menos, um
milhão de euros por semana. A AIP diz ver com "enorme preocupação" os
impactos da paralisação.

"Afronta" e "falta de ética". É desta forma que o presidente da
Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha (ANP) classifica a
greve que afecta praticamente todos os portos nacionais há quatro
semanas. A paralisação está a causar prejuízos a muitas empresas
exportadoras e a fruticultura é um dos sectores mais afectados. De
acordo com os vários empresários ouvidos, estará a perder pelo menos
um milhão de euros por semana em volume de negócios.
Torres Paulo explica que nesta altura se costumam enviar por semana 40
contentores de pêra para o Brasil, sendo que cada um vale 20 mil
euros. Com a greve nos portos, os produtores estão a ser obrigados a
mandar o produto através de Valência e Algeciras (Espanha). "Mas
mandam menos porque o custo é maior", aponta o presidente da ANP.
Também para mercados como Inglaterra, Irlanda, Federação Russa e Médio
Oriente a pêra costuma ir de barco. Agora está a seguir por camião,
mas igualmente com maiores custos e nem sempre no prazo pretendido.
"Como estamos a importar menos, há menos camiões a circular entre os
mercados", aponta.
Torres Paulo lamenta que, numa altura como a que se vive, "nem todos
os portugueses estejam unidos no esforço de recuperar o País" que
está, desta forma, "a dar dinheiro a ganhar a Espanha". Além dos
prejuízos directos, algumas empresas estão a mandar os trabalhadores
ficarem em casa porque têm menos trabalho.
A Carsag não conseguiu enviar todos os contentores de pêra e maçã para
o Brasil e alguma carga teve de ser desviada para portos espanhóis, "o
que fica mais caro cinco cêntimos por quilo". A fruta que a empresa de
Alcobaça não conseguiu vender devido à greve renderia pelo menos 80
mil euros, explica Pedro Ribeiro.
A greve no porto de Lisboa obriga a Granfer a expedir as suas frutas
através de portos como Leixões, Algeciras ou Vigo, o que implica
custos "três vezes superiores", garante Hélio Ferreira. O gerente da
empresa de Óbidos diz que, além disso, o tempo de viagem da fruta para
mercados como o Brasil, Angola e Canadá passa de 11 para 30 dias, o
que "pode ter consequências em termos da conservação do produto". No
envio da mercadoria para Inglaterra a empresa está a substituir o
barco pelo camião, mas com um aumento de custos implícito que varia
entre 500 e 700 euros por contentor. "São custos que temos de
absorver, sem termos condições para isso", lamenta.
Só por sorte a Leirimetal não teve prejuízos devido à greve. "Se neste
momento tivéssemos de enviar mercadoria para a Venezuela sem dúvida
que sentiríamos o impacto", diz José António Neves, para quem esta
paralisação é "extremamente grave", na medida em que "está a
prejudicar as exportações, que são a única coisa que nos salva".

Tomada de posição
AIP preocupada com efeitos na economia

É com "enorme preocupação" que a Associação Industrial Portuguesa
(AIP) vê os efeitos da greve dos portos sobre a economia. Em
comunicado, defende que "a estratégia de cartelização" das greves que
afecta o porto de Lisboa terá de ser urgentemente ultrapassada", sem
que tal signifique aumento de custos para quem exporta. Lembra que
parte significativa do movimento deste porto não pode ser transferida
para outros e que 70% da capacidade portuária nacional em silo está
sediada no porto de Lisboa. Por isso, é "urgente" repor o seu normal
funcionamento, mesmo que para tal seja preciso recorrer a "todos os
instrumentos legais existentes na legislação portuguesa para esse
fim".

Texto: Raquel de Sousa Silva (raquel.silva@jornaldeleiria.pt)

Foto: Ricardo Graça


2012-10-11

http://www.jornaldeleiria.pt/portal/index.php?id=8185

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