sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Relatório independente confirma observações apontadas

INCÊNDIOS/ALGARVE

por Lusa, texto publicado por Paula MouratoOntem


A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) afirmou hoje que o
relatório independente ao incêndio de julho no Algarve confirma as
observações já anteriormente apontadas, congratulando-se por não
atribuir falhas à coordenação dos meios de combate.

Numa nota, a ANPC manifesta satisfação pelo facto de a avaliação,
feita por especialistas do Centro de Estudos sobre Incêndios
Florestais da Universidade de Coimbra, "corroborar", em alguns
aspetos, o relatório produzido pela Proteção Civil e entregue em
agosto ao ministro da Administração Interna.
Entre as "condicionantes da máxima relevância" identificadas pelo
relatório independente, a ANPC destaca "as condições de propagação do
incêndio, as dificuldades impostas pela dispersão de edificado e
presença humana, a orografia desafiante ao combate, longas distâncias
a percorrer e simultaneidade de ocorrências, locais e nacionais".
Em reação ao documento entregue no início do mês ao ministro Miguel
Macedo, a Proteção Civil realça o facto de não fazer alusão a falhas
de coordenação dos meios de combate, e de reconhecer a estratégia de
defesa de pessoas e bens, apesar de admitir que há aspectos sem "total
coincidência na apreciação dos factos".
O relatório coordenado pelo investigador Domingos Xavier, disponível
no portal do Governo, diz que a insuficiência de meios de combate -
bombeiros e viaturas -, associada à ocorrência simultânea de vários
focos de incêndio, contribuiu para o alastramento das chamas.
O documento aponta também avarias nos aviões, falta de aceiros,
dificuldade de perceção do sistema de comando da localização do fogo e
falhas na previsão da sua evolução.
A equipa de Domingos Xavier destaca ainda que, "apesar do esforço de
mobilização", no incêndio do Algarve "não foi possível colocar no
terreno os recursos adequados para fazer face à evolução da área
ardida, com a antecedência para dominar" o fogo.
Entre as várias recomendações, Domingos Xavier Viegas propõe o uso de
ferramentas de suporte para avaliar o comportamento do fogo e a
preparação das populações para se precaverem das chamas, nomeadamente
através de formação e equipamentos.
Sugere igualmente a criação de pontos de água, barragens ou
reservatórios junto das populações para que fiquem a dispor de água,
em caso de incêndio, e a melhor utilização das máquinas de rasto,
tendo em conta a sua eficácia na extinção de grandes fogos.
No comunicado, a Autoridade Nacional de Proteção Civil refere ainda
que as recomendações propostas vão ser analisadas no âmbito do balanço
do Dispositivo Especial de Combate e Incêndios Florestais.
A avaliação independente ao incêndio no Algarve foi pedida em agosto,
pelo ministro da Administração Interna, após ter recebido o relatório
feito pela ANPC, que reconhecia "debilidade na coordenação ou no
comando" e apontava "a insuficiência da rede viária" como um dos
motivos para atrasar em três horas a chegada de meios ao local.
O ministro Miguel Macedo enviou, na terça-feira, o relatório para a
Assembleia da República.
Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF),
o maior fogo deste ano deflagrou entre 18 e 22 de julho, nos concelhos
de Tavira e São Brás de Alportel, e afetou 21.437 hectares de espaços
florestais, cerca de 21 por cento da área florestal ardida em 2012.

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=2822085&page=-1

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