terça-feira, 20 de novembro de 2012

Falta de geradores em comboios encarece exportação de pêra-rocha

19.11.2012 - 23:44 Por Carlos Cipriano
Desde Agosto já foram exportadas 21.000 toneladas de pêra-rocha
()

Insuficiência de sistema de frio no transporte ferroviário obriga
produtores a escoar fruta para Sines em camião.


"Isto é mais uma ajuda à exportação...!" O desabafo, em tom irónico,
de Pedro Pereira, da Central de Frutas do Paínho (Cadaval), vem na
sequência de umas contas muito simples: "De comboio, da Bobadela para
Sines, cada contentor de pêra-rocha custa-nos 573 euros, mas de camião
pagamos 777, ou seja, mais 200 euros por contentor."



E tendo em conta que desde Agosto a maioria dos 446 contentores
enviados para o Brasil foram transportados por via rodoviária até ao
porto de Sines, "isto encarece imenso a exportação", queixa-se Pedro
Pereira.



O que está em causa é a limitação de cada um dos comboios de
mercadorias que saem diariamente da Bobadela para Sines não poderem
ter mais do que oito contentores-frigorífico, porque só há quatro
geradores para os alimentar (cada gerador mantém dois contentores
arrefecidos).



Perante esta limitação do modo ferroviário, a alternativa tem sido a
estrada, o que onera os custos de transporte, sobretudo numa altura em
que a exportação está num pico (50 contentores por semana só com
pêra-rocha desde a região oeste para o Brasil) e a greve dos
estivadores obrigou a desviar parte do tráfego do porto de Lisboa para
o de Sines.



A responsabilidade de assegurar os geradores é, aparentemente, da CP
Carga, mas tem sido assumida pelo armador, a MSC (Mediterranean
Shipping Company), que opera em Sines e assegura o transporte até ao
destino final.



"Como a CP não se interessa, nós é que temos solucionado o problema em
nosso benefício", disse ao PÚBLICO uma fonte oficial desta empresa,
que admite poderem vir a ser comprados mais geradores. Só que cada um
custa mais de 20 mil euros ,o que implica muitas viagens para ser
rentabilizado.



O PÚBLICO contactou a CP Carga, mas não obteve resposta em tempo útil.



O presidente da Junta de Freguesia do Paínho, Pedro Costa, ele próprio
também fruticultor, lamenta que tenham de recorrer ao transporte
rodoviário, que é mais caro, devido à incapacidade da ferrovia em
fornecer contentores-frigorífico. E diz que o ideal era, em vez de
entregarem os contentores na Bobadela, o carregamento dos comboios com
fruta ser feito na estação do Bombarral, que fica muito perto e tem
condições para tal.



Os concelhos do Bombarral e Cadaval são responsáveis por 80% da
produção de pêra-rocha. Este ano, houve menos quantidade de fruta, mas
mesmo assim, desde o princípio da colheita, em Agosto, já foram
exportadas 21.000 toneladas (cerca de 20 milhões de euros) daquele
fruto, das quais 9600 toneladas para o Brasil e 6000 toneladas para
Inglaterra. As restantes 5000 tiveram como destinos a França,
Marrocos, Irlanda e Rússia.

http://economia.publico.pt/Noticia/falta-de-geradores-em-comboios-encarece-exportacao-de-perarocha-1573149

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