quarta-feira, 28 de novembro de 2012

PARA A COMPETITIVIDADE DA AGRICULTURA

Opinião | 28-11-2012
Por Jorge Almeida
A agricultura portuguesa enfrenta hoje, 25 anos após o início das
ajudas comunitárias, desafios de enorme dimensão e complexidade.
Apesar da introdução, nas últimas décadas, de diversos fatores de
modernidade, a realidade demonstra porém...
...a persistência de um conjunto de debilidades e constrangimentos
marcantes, que urge ultrapassar, e transformar em oportunidades de
crescimento e desenvolvimento para o setor.

O envelhecimento da população agrícola, o insuficiente nível de
competências técnicas, a fraca reprodutibilidade dos investimentos, o
débil tecido empresarial, um associativismo com grandes deficits
organizacionais e de gestão.

O mercado globalizou-se, e é hoje disputado por economias
completamente diferentes da nossa, comercialmente muito agressivas, ou
então muito distintas em direitos e regalias sociais, e
consequentemente, em custos de produção.

Há uma atividade agrícola no nosso país dirigida para o consumo
familiar e para os mercados locais que tem e terá cada vez mais
importância na economia local e regional, e há uma atividade agrícola
ou agroindustrial competitiva, que terá que produzir bens com a melhor
relação qualidade-preço, sustentada em modernos processos de trabalho,
com redução dos custos de produção, e no permanente melhoramento
qualitativo do produto final. E é no êxito desta atividade que pode
residir a sustentabilidade económica de grande parte do mundo rural
português. Com um bom nível de organização, e com uma aposta clara em
produtos e respectivas fileiras, onde sabemos que podemos ser
competitivos à escala global.

A vinha, o olival, as hortícolas, as frutas e a floresta deverão
continuar a ser a nossa aposta. É que são bens que têm ainda uma
significativa margem de progressão de competitividade, progressão essa
que poderá acontecer sem grandes inputs, sem grande agravamento de
custos, uma vez que resultam de um saber fazer já existente, e dum
potencial endógeno, assente nas características do solo, nas
especificidades edafo-climáticas, no património genético.

Mas desengane-se quem pensa que com investimentos técnicos adequados,
e com melhoria significativa dos níveis de gestão e organização das
unidades de produção, ficam alcançadas as condições para uma boa
competitividade daqueles produtos.

Enquanto a máquina administrativa do estado não mudar de paradigma,
enquanto não atingir uma cultura de proximidade, ajuda, agilização,
facilitação da vida dos agricultores, a competitividade continuará a
ser muito difícil de atingir.

Apesar da introdução dos meios digitais, apesar da boa vontade de
muitos e muitos zelosos funcionários, a realidade continua a mostrar
nalguns departamentos, lentidão, burocracia, insensibilidade, e um
complicómetro virado contra os interesses dos agricultores.

Perde-se tempo, dinheiro, paciência, vontade, entusiasmo, e perdem-se
sobretudo muitos negócios. Valia a pena começar por investir aqui, com
a tal "refundação do estado" anunciada.

http://www.noticiasdevilareal.com/noticias/index.php?action=getDetalhe&id=14714

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