sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Praga do jacinto-de-água cada vez mais perto de Alqueva

08.11.2012 - 10:08 Por Carlos Dias, null


O aumento do caudal do Guadiana agrava o risco de proliferação O
aumento do caudal do Guadiana agrava o risco de proliferação (Foto:
Pedro Cunha)

A forte pluviosidade que nos últimos dias se abateu sobre a bacia
hidrográfica do Guadiana em território espanhol, provocou a ruptura
nas barreiras de protecção (redes) que foram colocadas na linha de
água para impedir a proliferação de uma espécie infestante: o
jacinto-de-água.


José Martínez, director técnico na Confederação Hidrográfica do
Guadiana (CHG), entidade que está a realizar a extracção da planta do
lado espanhol, admite que grandes fragmentos de jacinto-de-água "podem
ter chegado" à localidade extremenha de Lóbon, no município de
Montijo, localizada a cerca de três dezenas de quilómetros da
fronteira portuguesa e da albufeira do Alqueva. Antes deste incidente,
a planta encontrava-se retida na zona de Mérida localizada a cerca de
60 quilómetros do território português.

Milhares de toneladas desta infestante foram levadas pela forte
corrente do rio até serem de novo travadas pelas barreiras colocadas
no rio. O técnico da CHG garante que foi travada a sua deslocação,
evitando que entrasse nos canais de rega que alimentam blocos de
regadio na região. Se tal vier a acontecer, será um desastre ambiental
de "consequências graves", afirmou.

O mesmo poderá acontecer se fragmentos da planta entrarem na albufeira
do Alqueva. O jacinto-de-água quando dispõe de condições ambientais
favoráveis para o seu crescimento -temperatura acima dos 25 graus,
forte luminosidade, águas paradas e ricas em nutrientes, - reproduz-se
de uma incontrolável em poucos dias. As consequências imediatas
reflectem-se na morte da fauna e flora subaquática.

A gravidade da situação vai obrigar a CHG a pedir ao Governo espanhol
um apoio de 1,8 milhões de euros para intensificar e reforçar a
recolha do jacinto-de-água que cobre extensas áreas do troço do
Guadiana na região de Mérida.

Desde 2004 - ano em que foi detectada pela primeira vez a presença da
infestante no rio Guadiana- - foram recolhidas cerca de 300 mil
toneladas da planta oriunda do rio Amazonas e gastos 23 milhões de
euros na sua recolha.

Diariamente continuam a ser extraídas toneladas de jacinto-de-água,
uma espécie que não pode ser transformada em biomassa ou em
alimentação para o gado. Há quem já advogue a deslocação de manatis,
um mamífero também conhecido por vaca-marinha, que tem o seu habitat
no rio Amazonas, onde se alimenta de plantas aquáticas e sub-aquáticas
entre as quais o jacinto-de-água.

É patente a dificuldade revelada pelas autoridades espanholas em
erradicar esta espécie infestante, que está a revelar-se nociva à vida
aquática no Guadiana e uma ameaça para as albufeiras que suportam o
fornecimento de água às centenas de milhar de hectares de regadio que
existem na bacia hidrográfica daquele rio, em território espanhol e
português.

http://www.publico.pt/Local/jacintodeagua-cada-vez-mais-perto-de-alqueva-1570568

Sem comentários:

Enviar um comentário