quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Bebemos mais álcool quando a economia está pior?

Consumo tem vindo a aumentar nos Estados Unidos e a cair na Europa
nos últimos anos

Vinho
Dados espelham realidades económicas
D.R.
05/12/2012 | 11:00 | Dinheiro Vivo

O que é que se pode apreender cruzando os dados de consumo de álcool
com os dados económicos dos países? Pode um copo meio cheio
representar uma crise económica, ou pelo contrário, pode um copo meio
vazio representar a saída da recessão e o regresso ao crescimento?

Em momentos em que o dinheiro escasseia nos agregados familiares e as
contas continuam a precisar de ser pagas, a pressão aumenta sobre quem
sustenta os lares, e logicamente pode-se pensar que o consumo de
álcool sobe nestes momentos.

Mas os dados mostram precisamente o contrário: Menos dinheiro
significa menos bebidas alcoólicas. As vendas de álcool nos Estados
Unidos e na Europa são ilustrativas das diferentes situações que se
vivem nos dois blocos económicos: No velho Continente as vendas estão
a cair devido à crise, do outro lado do Atlântico as vendas estão a
aumentar devido à melhoria da situação financeira.

Outro exemplo é o da China onde se espera que o consumo de álcool
aumente 5,9% ao ano até 2016, segundo a consultora Frost & Sullivan,
devido ao bom momento da sua economia.

Nos Estados Unidos as vendas de cerveja, vinho e bebidas espirituosas
nos restaurantes, bares e outros locais com licença para venda de
álcool aumentou 4,9% em 2011, segundo um estudo da Technomic, citado
pelo Huffington Post.

Esta ligeira subida levou a um aumento das vendas em 93,7 mil milhões
de dólares, com a Technomic a esperar que as vendas subam neste ano e
no próximo.

Na Europa, a situação é completamente inversa, devido precisamente à
continuação da degradação do ambiente económico. As vendas de cervejas
tem vindo a cair desde o início da crise na zona euro.

Olhando para os dados de consumo de cerveja na Europa entre 2009 e
2011, a quebra é assinalável: Em 2009 consumia-se 358 milhões de
hectolitros de cerveja nos 27 países da União Europeia. No ano
passado, este valor caiu para os 354 milhões de hectolitros, segundo
um relatório da associação do sector a "Brewers of Europe".

Na produção, o cenário é semelhante: Os 27 países comunitários
produziam 388 milhões de hectolitros em 2009, com o valor a baixar
para 377 milhões de hectolitros no ano passado.

Em Portugal, um dos países mais afectados pela crise na União Europeia
a quebra foi assinalável: O português bebia em média 59 litros de
cerveja por ano em 2009, valor que caiu para os 53 litros em 2011.

Também no consumo de vinho nota-se uma quebra significativa nos
últimos anos nos países europeus. Em Portugal o consumo per capita
caiu 1% entre 2007 e 2010 para os 45,70 litros anuais, segundo dados
do Wine Institute norte-americano.

A Grécia registou uma descida significativa no consumo de vinho: Mais
de 8% entre 2007 e 2010, com os helénicos a beberem 27,52 litros por
ano.

Em Espanha a quebra foi de 20,8% entre 2007 e 2010, na Irlanda foi de
8,3%, e em França foi de 3%. Dos países do Sul da Europa, a Itália foi
a única que aumentou o seu consumo, 3,4%, com cada transalpino a beber
em média 42,15 litros anualmente.

Também o champagne, bebida associada a um nível de vida mais elevado,
está a ter as suas vendas afectadas. Nos primeiros nove meses do ano,
as vendas de champagne caíram 5%. Os produtores ainda esperam que a
situação melhore até ao final do ano, altura em que as vendas aumentam
devido à passagem de ano, mas as vendas vão mesmo cair em 2012,
segundo o Wall Street Journal.

A quebra nas vendas está essencialmente relacionada com a recessão em
França, país que representa 50% das vendas.

Nas bebidas espirituosas também se sente com gravidade a crise. Entre
2007 e 2010 o consumo destas bebidas per capita na União Europeia
desceu 7,82% para os 9,66 litros anuais, depois de um aumento de
consumo entre 2001 e 2007, quando foi alcançado um máximo de 10,48
litros, antes do início da crise, segundo dados da Spirits Europe, a
organização que representa o sector em Bruxelas.

http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO076355.html?page=0

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