sábado, 15 de dezembro de 2012

Bruxelas vai analisar efeitos das marcas brancas

14-12-2012



Fonte: ANIL/Jornal de Negócios

A Comissão Europeia quer avaliar o impacto do crescente peso das
marcas próprias das cadeias de supermercados e hipermercados no
mercado alimentar. Por isso, até 14 de Fevereiro convida todos os
especialistas a apresentar propostas

"Muitos 'stakeholders' defendem que os mercados alimentares europeus
não funcionam bem, mas nós precisamos de mais informação para analisar
as queixas. Assim, decidimos realizar um estudo detalhado para
descobrir se os consumidores europeus têm escolha suficiente e têm à
sua disposição produtos inovadores adaptados às suas necessidades
quando compram comida. Isto (o estudo) ajudar-nos-á como resolver
melhor estes problemas", explicou Joaquín Almunia, vice-presidente da
Comissão, citado no comunicado emitido por Bruxelas.


A análise da Comissão, que servirá, segundo os serviços da mesma, para
"medir o impacto de desenvolvimentos recentes no sector do retalho
europeu junto dos consumidores" irá debruçar-se sobretudo sobre se "o
aumento da concentração" e a utilização de "marca própria" dos
distribuidores (por oposição a marca comercial do fabricante)
"travaram as escolhas e a inovação no sector alimentar na Europa".


As marcas próprias – que se distinguem das marcas brancas, que não têm
qualquer insígnia ­– têm vindo a desenvolver-se fortemente nas últimas
décadas em Portugal. O Pingo Doce, já faz um terço das suas vendas
alimentares (sem perecíveis) com a atribuição da sua marca homónima
aos produtos que contrata a fornecedores industriais. A Sonae através
da marca Continente, (e muitas outras no retalho não alimentar), a
rede Minipreço com os produtos Dia, o Lidl com várias marcas para
vários segmentos, assim como a Auchan, através do Jumbo e o Pão de
Açúcar – todos eles têm visto este segmento do negócios crescer nas
suas contas anuais.


Com a crise, além de menor consumo, há um fenómeno designado por
"trading down" que também em Portugal se verifica, sobretudo desde
2008: o consumidor não abdica do produto – um detergente para a
máquina de roupa, por exemplo – mas em vez de comprar de marca do
fabricante, mais (re)conhecida comercialmente, opta por uma variante
mais barata no preço final. Os grandes ganhadores deste fenómeno têm
sido as marcas em que a própria distribuição investe, mas não fabrica
diretamente.


A indústria alimentar europeia – que contempla gigantes como a Nestlé
(embora esta tenha sede não comunitária, uma vez que é de origem
suíça), a Danone, Unilever, entre outros ­– tem contestado que além da
concorrência em mercado aberto, as marcas próprias tem muitas vezes
imitado o design e a inovação dos produtos mais bem sucedidos no
mercado, beneficiando do percurso (de investimento) já realizado pelos
fabricantes. E que os grupos de distribuição praticam de uma certa
forma "concorrência desleal" porque estão a decidir que destaque dar a
um produto seu contra um dos fabricantes – e não uma escolha entre
vários fabricantes.


Os distribuidores, cadeias de supermercados e hipermercados que vão
desde as lojas de "hard discount" de origem alemã às grandes
superfícies franceses – incluindo os operadores do sector presentes em
Portugal, nacionais ou estrangeiros – advogam por seu turno que o
consumidor, cada vez mais focado no preço, tem ditado a opção de
aumentar a estratégia de aumentar as marcas próprias e diminuído as
marcas de fabricante nas prateleiras das lojas.


É toda esta argumentação que a Comissão Europeia quer agora recolher,
até 14 de Fevereiro próximo, para analisar a situação e concluir o
estudo "até ao final de 2013". Os resultados, sublinha, poderão
materializar-se em propostas para melhorar o funcionamento dos
mercados alimentares na Europa.

http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia45429.aspx

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