sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Investigador diz que "Portugal não está preparado para grandes incêndios"

Por Agência Lusa, publicado em 12 Dez 2012 - 22:15 | Actualizado há 1
dia 11 horas


O investigador Domingos Xavier Viegas disse hoje, em Coimbra, que
Portugal não está preparado para lidar com incêndios de comportamento
extremo, como o que ocorreu no último verão no Algarve, que consumiu
25 mil hectares.

"Temos melhorado muito o sistema de Proteção Civil desde 2003, mas
ainda há trabalho a fazer", referiu o professor universitário, numa
palestra sobre "A gestão de grandes incêndios", organizada pelo
Colégio Regional de Engenharia Florestal e pelo Centro de Estudos de
Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade.

Perante uma plateia constituída maioritariamente por comandantes de
bombeiros, bombeiros e técnicos de proteção civil, Xavier Viegas
utilizou o grande incêndio do Algarve, um dos seis maiores de que há
registo em Portugal, para explicar comportamentos do fogo e falar da
necessidade de experimentar novos métodos, nomeadamente ao nível do
posto de comando.

Segundo o investigador, que realizou o relatório daquele incêndio para
o Governo, as mudanças que podem trazer ganhos aos sistema de Proteção
Civil passam pela melhoria do treino, das ferramentas que são usadas
no apoio à decisão dos postos de comando e da comunicação com as
autarquias e as populações.

Embora não consiga prever a ocorrência de fogos de grande dimensão, o
professor Xavier Viegas frisou que, desde 2003, se têm registado
incêndios "muito grandes" com áreas superiores a 10 mil hectares, "que
não se verificavam no passado".

"Isso não acontece só em Portugal, mas em outros países do Mundo, e
uma das causas pode ser o aquecimento global que estamos a observar há
umas dezenas de anos, que está a ser acompanhado de períodos de seca
mais prolongados", disse.

O docente, que leciona na Universidade de Coimbra, considera que a
abertura de uma rede de faixas primárias de contenção em volta das
localidades é uma forma "prioritária" de prevenir, ajudar ao combate
incêndios e minorar os prejuízos das populações.

Xavier Viegas recordou que, no caso do grande incêndio do Algarve, a
área ardida estava referenciada desde há vários anos como uma zona
onde era necessário abrir 256 quilómetros de faixas de proteção, mas
que lamentavelmente apenas 50 quilómetros tinham sido concluídos.

O investigador de Coimbra lamentou ainda que fundos comunitários que
poderiam ser utilizados na prevenção não sejam gastos por Portugal e
tenham de ser devolvidos à União Europeia.

"Dou o exemplo dos 10 milhões de euros que em 2006/2007 não se
encontraram para fazer as faixas na zona ardida no Algarve, e
seguramente que deve ter existido o dinheiro neste período de tempo,
mas agora apareceram de repente sete milhões de euros para recuperar a
área depois de queimada", sublinhou.

http://www.ionline.pt/portugal/investigador-diz-portugal-nao-esta-preparado-grandes-incendios

Sem comentários:

Enviar um comentário