terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Sector vitivinícola unido na apresentação de planos de promoção e reflexão sobre sustentabilidade

O Fórum Vinhos de Portugal reuniu no Palácio da Bolsa entidades e
produtores da fileira do vinho num dia dedicado à divulgação dos
planos de promoção, análise do comportamento do mercado nacional,
evolução das exportações, mas ainda ao debate de temas cruciais para o
futuro da fileira como a sustentabilidade da fileira da vinha e do
vinho, a agricultura sustentável e a biodiversidade.

Em resultado de um esforço de concertação de estratégias de promoção
externa, as CVRs, IVDP e ViniPortugal apresentaram à mesma mesa os
planos de promoção para 2013. Para a promoção dos vinhos portugueses
continuarão a ser investidos 7 milhões de euros e verbas equivalentes
serão alocadas pelas Comissões de Viticultura e pelo IVDP, perfazendo
um total de 15 milhões de euros.

Na sequência da apresentação de Francisco Mateus, do IVV, na qual foi
traçada a evolução das exportações e a quebra do mercado português,
Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal sustentou que " a queda de
consumo de 5% no mercado nacional foi compensada com o crescimento das
exportações no mercado internacional. São sinais positivos que
confirmam a estratégia adequada, à qual é necessário dar continuidade"

Durante a tarde diversos especialistas participaram nos painéis de
debate sobre produção biológica, preservação da biodiversidade e o
impacto das alterações climáticas na fileira da vinha e do vinho.

Para Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, «A conferência sobre
sustentabilidade apresentou bons exemplos que gostaríamos que fossem
adaptados à fileira do vinho, para que o vinho se possa tornar "amigo
do ambiente" e se adapte às alterações climáticas nos próximos 20 ou
30 anos».

Coube a Nuno Oliveira, do ISG, inaugurar a conferência sobre
Sustentabilidade da fileira da vinha e do vinho, subordinado aos temas
da agricultura sustentável e da biodiversidade. O biólogo da área de
ecologia e investigador coordenador da área de Ambiente e
Sustentabilidade do ISG apelou à consideração da sustentabilidade como
factor de sobrevivência mas também de diferenciação e competitividade.
Na sua apresentação destacou o impacto das alterações climatéricas no
sector dos vinhos, explicou que o capital natural das D.O. pode ser
mais rentabilizado e ser diferenciador, e explanou o que contribui
para a sustentabilidade de um vinho sustentável, nomeadamente a gestão
da água, dos solos, reutilização de químicos, energia

Na sua apresentação, Alfredo Cunhal Sendim, da Herdade Freixo do Meio,
explicou qual a complexidade de lidarmos com problemas novos, que até
agora não tivemos. Evidenciou os ecossistemas como pauta essencial de
produção e apresentou o exemplo de plantação de vinha no Freixo do
Meio com pressupostos diferentes do costume, ao nível da gestão do
solo, factores diferenciadores, gestão do risco e gestão dos
ecossistemas. O produtor salientou ainda a necessidade de reimprimir a
regulação mundial para dar apoio às alterações necessárias e a
importância do sector público na promoção à I&D, concretamente na
aplicação à agricultura

António J. Magalhães, QVB, focalizou a sua apresentação nos problemas
causados pelo modelo de viticultura actual no Douro e a necessidade de
modelo. Ao evidenciar o modelo desenvolvido pela Flagdate, demonstrou
a diferença entre a viticultura convencional e a viticultura
sustentável e biológica em várias vertentes, designadamente na gestão
dos infestantes e promoção de enrelvamentos, na gestão de pragas e nos
gastos de resíduos.

No final das apresentações, Manuel Carvalho, director adjunto do
Público, dirigiu o primeiro debate focado no tema da agricultura
sustentável e no desafio de produzir mais com menos, incorporando
valor nos vinhos e tirando partido do valor de certificações no
negócio.

O segundo painel foi iniciado pela apresentação de Cristina Carlos, da
ADVID, que fez uma análise da importância da biodiversidade funcional.
A paisagem como elemento essencial no contexto da biodiversidade e das
práticas agrícolas que influenciam a paisagem mereceram destaque nesta
apresentação que também realçou os projectos específicos na área da
biodiversidade aplicada á gestão a vinha.

Eiras Dias, da PORVID, foi outro dos oradores deste painel de debate.
A abordagem incidiu na apresentação da diversidade da ampelografia
nacional, composta por 350 castas, e as 25 castas com mais utilização.
A exposição focou ainda as colecções de castas nacionais e a
estratégia e acções de execução de cada projecto, assim como a origem
da diversidade da videira, com enfoque na introdução de outras
regiões, cruzamentos naturais e multiplicação vegetativa.

Em sistema de vídeo-conferência Pedro Ballesteros, Torres MW,
Signatários do Wineries for Climate Protection, interagiu com a
audiência do Fórum e o painel de oradores. Apresentou a iniciativa do
sector do vinho europeu a favor da redução de emissão de gases,
extensível tanto à construção de edifícios, reutilização de energias
renováveis, como à adopção de boas prácticas de produção, ao menor
consumo de água e aplicação de químicos, e à utilização de embalagens
ecológicas, implementação de hábitos de reciclagem e de logísticas
mais eficientes, e um maior investimento na investigação e produção.
Pedro Ballesteros apelou à necessidade de antecipar para fazer face às
limitações da legislação que está em construção, e finalizou a
apresentação elogiando as condições naturais e históricas que Portugal
detém e que são vantajosas para que se posicione na linha da frente
nos tempos de sustentabilidade.

Pedro Garcias, jornalista do Público, foi o moderador do debate deste
painel dedicado ao tema da biodiversidade, onde foi discutida a
hipótese de um acordo de regiões IG e DOC para prácticas de
sustentabilidade e foi abordada a importância da cidadania no
desenvolvimento sustentável

Fonte: CV&A

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/12/04a.htm

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