sábado, 12 de janeiro de 2013

A "teoria - fraude" da "competitividade"

João Dinis

Já é velha esta teoria, a da "competitividade" e dos alegados "competitivos".

Da nossa parte, e tal como essa teoria surge e faz caminho, temo-la
classificado como uma "teoria-fraude".

Vejamos pois…

Desde logo a "genética" do conceito (e da praxis inerente) enferma de
uma poderosa perversão. Em qualquer tipo de "competição", mesmo quando
esta é "amigável", haverá vencedores e vencidos. No caso, a dita-cuja
é verdadeiramente "assassina". Os "sucessos" dos (poucos) alegados
"competitivos-vencedores" assentam sobre cadáveres de multidões dos
alegados "não-competitivos". Ou seja, em vez desta
"competição-assassina", deveríamos construir uma saudável cooperação.
Só que o sistema vigente é intrinsecamente perverso e desumano…

Entretanto, acrescem os processos concretos da tal "competitividade"…

Naquilo que diz respeito, ao sector agro-rural, os alegados
"competitivos" - os grandes proprietários absentistas, a grande
agro-indústria e o grande agro-negócio - são os grandes beneficiários
do sistema, constantemente contemplados, pelos sucessivos governos e
governantes (em Portugal, na União Europeia e etc.), com rios e rios
de dinheiros públicos e com benesses e privilégios institucionais de
todos os tipos. E, enquanto alegam ser "competitivos", esses mesmos
"do costume" perfilam-se, sempre, para receberem ainda mais e mais
apoios públicos…

Ao mesmo tempo, os alegados "não-competitivos"- os pequenos e médios
Agricultores, a pequena e média agro-indústria - recebem umas
"migalhas" do erário público e acabam é por pagar/contribuir para
proveito da escassa minoria dos alegados "competitivos". E tantos
deles continuam a trabalhar e a produzir em condições tão adversas !
Afinal, quem é genuinamente competitivo ?

Para desmontar melhor a "teoria-fraude" em análise, temos agora os
processos escandalosos da "fina-flor" dos alegados "competitivos", os
detentores do sistema financeiro e de alguns sectores da grande
indústria como a automóvel.

Como é sabido, sobretudo o sistema financeiro - com os seus banqueiros
arrogantes e vigaristas e outros especuladores - está a absorver
quantidades astronómicas de dinheiros e de outros favores públicos. É
um verdadeiro "buraco-negro" do erário público que nós, os alegados
"não-competitivos", estamos a alimentar com sangue, suor e lágrimas!
E, ao que parece, afinal nem assim conseguem ser muito "competitivos"
porque afinal, acima deles, há os super-bancos, os super-vigaristas,
os super-poderosos…

Entretanto, os Povos sofrem, mas também resistem e lutam !

Cuidado com a "competitividade" Senhor Presidente da República…

Por cá, o Presidente da República teorizou recentemente sobre os
benefícios (na sua opinião) da "competitividade" no sector Agrícola.

E, a propósito, até recomendou que ouvíssemos aquilo que sobre
Portugal, nesta matéria, dizem alguns "teóricos" de outros países
assim como se procurasse uma espécie de "certificação estrangeirada"
para a sua própria teoria…

Sem estarmos agora a desmontar os "sucessos" conseguidos na
"competitiva" óptica Presidencial, sempre diremos que a realidade
passa mas é, e muito, pela ruína da Agricultura Familiar e do Mundo
Rural Português. Essa ruína real é consequência das teorias e das
políticas concretas que o actual Presidente da República - mormente
enquanto foi Primeiro-Ministro - protagonizou a um nível "de topo".

Teremos até que relembrar, a propósito, o caso do grande sucesso
"competitivo" que ele próprio como Primeiro - Ministro, nos idos
1991/92 mais destacou à época :- o caso da "competitiva" exploração
(Brejão - Odemira) de um tal Thierry Roussel, já então conhecido como
pouco fiável personagem que "só" com essa exploração "exemplar" - como
à época, lá mesmo no local, foi classificada pelo actual Presidente da
República então Primeiro-Ministro - que "só" com essa exploração,
dizíamos, de facto espoliou o erário público de umas centenas de
milhar de contos, que, agora, dariam uns largos milhões de Euros !

Portanto, sim, a teoria oficial da "competitividade" é uma
"teoria-fraude" que provoca sofrimento e danos colossais!

Sim, é necessário substituí-la pela teoria - e pela praxis - da cooperação !

Janeiro 2013

João Dinis

http://www.agroportal.pt/a/2013/jdinis.htm

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