sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Agricultura: diagnóstico de um setor que precisa de jovens

ECONOMIA

Só 2% dos produtores são jovens e mais de metade têm mais de 65 anos

Por: Vanessa Cruz | 2013-01-18 13:16

Adesão «enorme», «brutal». O Governo está satisfeito com a caminhada
que os jovens estão a fazer em direção ao setor agrícola, que carece
de uma mudança de paradigma.

«Em Portugal, 2% dos produtores são jovens e acima de metade têm mais
de 65 anos e muitos com formação abaixo do ensino básico. Na União
Europeia, a média anda à volta de 6%. Se na UE a média é baixa, em
Portugal é ainda mais baixa. É uma razão pela qual pusemos foco em que
todo o tipo de política pública dê sempre prioridade ou concentre
apoios para jovens, para fazer um contraciclo desta tendência», disse,
em entrevista à tvi24.pt o secretário de Estado da Agricultura, José
Diogo Albuquerque.

No âmbito do Proder, já foram aprovados, desde 2007 - sendo que «o
programa teve um atraso enorme e só começou a funcionar em 2010» -
mais de 7.200 novos projetos de jovens agricultores (prémio +
investimento), aos quais foi atribuído um apoio superior a 460 milhões
de euros, alavancando um investimento total acima de 800 milhões,
correspondentes à instalação de 5.500 jovens agricultores, segundo a
informação do ministério.

Só no ano passado, registaram-se 3.374 candidaturas entradas válidas,
sendo que foram aprovadas 2.025, envolvendo um investimento de 373
milhões de euros e 206 milhões de euros de apoio PRODER. A média foi
de 280 candidaturas por mês.

O Governo constata que há cada vez mais licenciados, com formação na
área ou outra, a apostar no setor. «Ainda no outro dia assinei um
contrato de terrenos do Estado a seis agricultores. Um deles era
engenheiro civil, tinha 34 anos e passou agora para a agicultura».

Foi necessário efetuar uma reprogramação, «para retirar verbas de
algumas medidas que não estavam nem iam utilizar toda a sua verba para
outras que estavam a ter mais adesão». Assim, o foco passou a ser «o
investimento, os jovens e medidas agro-ambientais, pela
sustentabilidade».
Depois, «passámos a abrir medidas em contínuo, sem ser por concurso e
isso veio trazer muito mais regularidade e previsibilidade aos
agricultores. Sabem que se podem candidatar e não andam neste stress
de saber que só têm duas semanas para o fazer».

Em terceiro lugar, aquilo que designa por «limpeza». «Houve projetos
que se candidataram a apoios e foram aprovados, mas depois não foi
executados. Ao fim de um certo período (três a seis meses) fechamos o
projeto e utilizamos essas verbas para dar continuidade às medidas que
estão a funcionar. O empresário pode sempre candidatar-se a seguir,
mas isto evita imobilismos e ineficiências do programa».

Segundo o secretário de Estado, essas três mudanças fizeram com que
houvesse «uma completa e brutal adesão dos jovens agricultores ao
programa. É impressionante». Sangue novo, com mais formação e que quer
explorar outros produtos, que não os clássicos, «muito focado para a
exportação. E isso é importante, porque ajuda o país».

No que toca a produtos alimentares e bebidas, as exportações
aumentaram 13% entre junho e agosto, 7,9% entre julho e setembro e
3,8% entre setembro e novembro do ano passado.

O Governo não tem metas concretas para o aumento do emprego no setor.
Diz apenas que «o objetivo é claramente subir os 2% de jovens
agricultores que existem neste momento». Em Portugal, 15% da população
é empregue no setor agrícola. Há margem para mais e para mais
empresários do setor que, ao serem-no, empregam mais pessoas.

http://www.tvi24.iol.pt/economia---economia/agricultura-emprego-jovens-agricultores-jose-diogo-albuquerque-secretario-de-estado-ultimas-noticias/1411184-6377.html

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