domingo, 27 de janeiro de 2013

Cem mil frangos do campo saem por semana de Oliveira de Frades para a mesa dos portugueses

Lusa
26 Jan, 2013, 10:28

Mais de cem mil frangos do campo saem semanalmente de Oliveira de
Frades para a mesa dos portugueses, depois de um processo de criação
lento, feito ao ar livre e à base de cereais.
Se um frango industrial demora entre 35 a 40 dias desde que deixa o
ovo até ser abatido, no caso de um frango do campo esse processo leva
cerca de 90 dias.

"A grande diferença do nosso frango em relação ao industrial vê-se
quando chega à panela", disse à agência Lusa Vítor Pinho,
administrador da Campoaves, empresa de Oliveira de Frades que é
pioneira e líder neste nicho de mercado.

Oliveira de Frades é já conhecida como a Capital Nacional do Frango do
Campo e hoje dá mais um passo na sua aposta neste produto, com o I
Capítulo de uma confraria gastronómica a ele dedicado.

Com uma quota de mercado de perto de 70%, a Campoaves quer permitir às
famílias o acesso a um produto tradicional, mesmo que vivam em
apartamentos ou que a vida moderna não se coadune com a criação
caseira de frangos.

"Antigamente, era hábito as famílias criarem e matarem os frangos em
casa para depois os confecionar. Nós estamos a substituir-nos a isso,
porque hoje em dia cada vez há menos possibilidades de as pessoas
fazerem essas criações em casa", justificou.

Carlos Silva e Anabela Marques tratam, desde 1997, em Queirã (concelho
de Vouzela), de uma das cerca de cem explorações espalhadas pela
região onde são criados os frangos da Campoaves.

Neste momento, têm ao seu cuidado 25 mil frangos, castanhos e de
pescoço careca (a estirpe escolhida pela Campoaves), que gostam de
mimar, espalhando pelo terreno abóboras, couves e milharada. Os
frangos mais atrevidos podem ainda tentar chegar aos quivis e a outros
frutos que estão pendurados nas árvores à sua disposição.

"No dia em que eles saem (para o abate) custa sempre um bocadinho,
porque passamos muito tempo com eles. E em cada bando há sempre um de
estimação, que eu chamo e até me vem comer à mão", contou Carlos
Silva.

A falta de coragem leva a que esse frango, o especial de cada bando,
não vá para abate, nem parar ao tacho da família. Normalmente, é dado
às pessoas que arranjam as abóboras como forma de agradecimento.

A Campoaves teve origem numa das empresas avícolas mais antigas do
país, a Uniávila, que produzia frango industrial mas, a dada altura,
decidiu diferenciar-se e dedicar-se apenas ao frango do campo.

Fundada em 1994 para dar continuidade a esse projeto, a Campoaves teve
um início difícil até que o mercado começasse a aceitar o produto.

"Todo o frango que aparecia no mercado ia sem patas e sem cabeça. O do
campo é comercializado com patas e com cabeça e logo isso criou algum
choque no mercado, porque as pessoas não estavam habituadas", contou
Vítor Pinho.

Em 2003, numa altura em que a marca Frango do Campo já tinha ganhado
notoriedade e o produto estava certificado, a Campoaves foi adquirida
pelo grupo Lusiaves e as sinergias que se criaram permitiram "um
crescimento muito mais rápido" da empresa.

Atualmente, a Campoaves conta com 140 trabalhadores e tem conseguido
aumentar sempre a faturação "na casa dos dois dígitos". Segundo Vítor
Pinho, em 2012, esse valor foi superior a 37 milhões de euros.

O mercado nacional representa mais de 90% das vendas, mas a empresa
está também a apostar no chamado "mercado da saudade", como a França e
o Luxemburgo.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=622784&tm=6&layout=121&visual=49

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