sábado, 5 de janeiro de 2013

Local Handcrafted Wines. Cinco vinhos, um nome

Cinco pequenos produtores juntaram esforços para promoverem os seus
vinhos. As despesas são a dividir por todos


Pedro Marques, produtor da Handcrafted
Diana Quintela
05/01/2013 | 00:00 | Dinheiro Vivo
Vasco Magalhães, 31 anos, conhece bem os grupos de partilha de carros
no Facebook. Depois de ter registado a marca e o projeto Local
Handcrafted Wines, esta foi mais uma forma que encontrou para
controlar custos. Dividiu o mapa de Portugal de Norte a Sul, com o
amigo Manuel Rodrigues (que conheceu quando ambos trabalhavam na
Sogrape), e traçaram juntos a estratégia: Vasco promove os vinhos
Verdes que produz nas regiões do Grande Porto, Grande Lisboa e
Algarve. Manuel ficou responsável pelas regiões Norte e Centro do
país. Só que, desde agosto, além da marca de vinho Verde, o gestor de
marketing teve de aprender a promover mais quatro produtores.
"Por ter um projeto em nome individual, rapidamente me deparei com um
problema: para uma pessoa se dedicar a um projeto de vinho precisa de
disponibilidade financeira, obviamente, mas, por outro lado, também
precisa que o vinho tenha capacidade para gerar dinheiro que ajude a
manter o próprio negócio. Eu percebi rapidamente que queria dedicar-me
a isto a tempo inteiro mas que não ia ter hipótese de fazê-lo sem
ajuda na parte comercial e de promoção. Queria dedicar-me a 100 por
cento, mas não tinha capacidade de me financiar. E percebi que, como
eu, haveria muitos produtores na mesma situação."
A partir daí, procurou formas de consolidar a sua pequena produção (de
cerca de 5 mil garrafas/ano em 25 hectares de vinha) e, ao mesmo
tempo, "ter um meio de subsistência imediato que me permitisse viver",
conta Vasco.
O verão do ano passado marcou o arranque oficial da Local Hancrafted
Wines, uma marca que junta cinco pequenos produtores - empresas
familiares que se dedicam à produção e à venda de vinho - de cinco
regiões vitivinícolas diferentes: Douro, Verdes, Dão, Lisboa e
Alentejo (Quinta dos Avidagos, Cazas Novas, Quinta do Mondego, Vale da
Capucha, Herdade de Torais). Vasco propôs a ideia a Manuel, ele
aceitou. O passo seguinte foi procurar parceiros com as mesmas
características e necessidades. "Nestas pequenas empresas familiares,
normalmente o responsável pelo projeto é o enólogo que, na maioria das
vezes, não tem tempo para dedicar-se à venda do vinho, à parte mais
comercial. Mas, antes de escolher projetos, escolhi pessoas."
"A marca é um projeto muito solidário porque, entre todos, temos de
nos entender para o mesmo lado. Os produtores que se juntaram a nós
eram todos pessoas que eu já conhecia e que têm um perfil humano que
permite que a nossa marca e o nosso projeto tenham sucesso. É muito
importante que estejamos todos na mesma linha e tenhamos a mesma visão
de futuro, projetos de qualidade, potencial, e coisas que respeitem os
sítios de onde vêm. Cada um destes vinhos é um exemplo acabado do que
cada uma das regiões pode dar", diz Vasco Magalhães.
A base do projeto é semelhante à do Douro Boys: promover um conjunto
de vinhos de vários produtores. Só que, no caso da Local Hadcrafted
Wines, os vinhos produzidos são todos de regiões diferentes, o que
torna a oferta mais diversa. Nas feiras internacionais, os custos são
divididos por cinco e os clientes têm vinhos de várias regiões e
tipos, o que permite adequar a oferta às necessidades e aos gostos de
cada um. "Para um produtor ter um departamento comercial que faça o
acompanhamento personalizado e necessário a cada marca, que ajude a
gerar valor - e que, a partir desse valor, dê retorno - é necessário
um grande investimento. Um vendedor implica um custo de cerca de 50
mil euros por ano para um produtor de vinho. São valores completamente
incomportáveis e são poucos os produtores com essa capacidade
financeira."
O que Vasco Magalhães fez foi juntar as suas necessidades e valências
às necessidades de outros produtores com as mesmas características: os
cinco produtores juntaram os respetivos departamentos comerciais - que
passaram a funcionar como um só - para promover as cinco marcas em
conjunto em vez de cada uma individualmente.
"Hoje em dia vemos alguns casos de empresas que investem muito nos
vinhos, nos vendedores, nos departamentos, criam logo uma máquina à
partida que depois começa a ser muito difícil de manter, de sustentar.
O que propus aos produtores com projetos que tinham características
semelhantes ao meu - ativos no mercado mas sem capacidade para fazer
mais das suas marcas - foi uma partilha de custos."
A Local Handcrafted Wines foi financiada a 50% por Vasco Magalhães e
Manuel Rodrigues, que apresentaram um projeto e conseguiram o
adiantamento de um ano e meio de subsídio de desemprego. A outra
metade dos 5 mil euros que constituem o capital social foi garantida
pelas cinco empresas que fazem parte do bloco, incluindo a que o
gestor de marketing tem em parceria com Diogo Lopes e Carlos Coutinho.
"Trata-se de um projeto muito low-cost. Temos esta base e esperamos
que o negócio gere um retorno que permita sustentar a empresa.
Recebemos o salário mínimo e tem um custo-base que não será muito
significativo. A pedra basilar deste projeto é o controlo de custos.
Ao contrário de muitas empresas que vemos começar pelo telhado - e
depois as coisas descambam."

https://www.facebook.com/pages/Local-Handcrafted-Wines/447438008612940


http://www.dinheirovivo.pt/Faz/Artigo/CIECO089427.html?page=0

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