sábado, 26 de janeiro de 2013

Novos rurais devem ser mais acompanhados no arranque dos projectos

Francisco Gomes da Silva entrevistado por João Santos Duarte
Investigador Francisco Gomes da Silva considera possível reduzir o
défice comercial agro-alimentar, que ronda os quatro mil milhões de
euros, mas avisa que é necessário valorizar mais a produção nacional
através do mercado externo e aumentar a produção com a expansão do
regadio. 24-01-2013 2:15 por João Santos Duarte

Os novos agricultores devem ser apoiados financeiramente, mas também
acompanhados no processo de instalação na actividade, defende
Francisco Gomes da Silva, investigador e professor do Instituto
Superior de Agronomia.
"Num futuro próximo seria bom que a instalação de jovens agricultores
que fosse apoiada através dos fundos comunitários não se resumisse a
um apoio à instalação, porque um jovem quando se instala tem uma curva
de aprendizagem e devia ser acompanhado", afirma Francisco Gomes da
Silva, em entrevista à Renascença.
"Que o apoio não fosse essencialmente: 'tome lá não sei quantos mil
euros para se instalar e iniciar a actividade', mas sim: 'toma lá
aquilo que se considerar necessário, mas há aqui algo que o apoia e
acompanha nas primeiras fases do seu projecto'", defende.
O investigador e professor do Instituto Superior de Agronomia
considera que este apoio é muito importante, alerta que "em
agricultura as modas são perigosas" e avisa que para ser agricultor
não basta "voluntarismo", é preciso ter conhecimentos.

O investigador e professor do Instituto Superior de Agronomia refere
que, na última década, o número de jovens na agricultura teve um
decréscimo acentuado. "De 1999 para 2009, a quebra no número de
agricultores, genericamente, foi cerca de 27%. Quando olhamos a quebra
por classe etária, abaixo dos 35 anos a diminuição foi de cerca de 60%
e, entre os 35 e os 45, houve uma quebra de 50%. Portanto, uma quebra
muito maior nos jovens do que no global dos agricultores", afirma.

No entanto, há sinais de esperança. De acordo com alguns indicadores
do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER), "houve neste últimos
ano e meio a dois anos, um aumento muito significativo de candidaturas
de jovens para primeira instalação como jovens agricultores".
Para Francisco Gomes da Silva, uma das principais causas do
afastamento dos jovens da agricultura na última década foi a "imagem
miserabilista que é passada do sector para a sociedade civil" e
defende uma sensibilização para a importância deste sector desde os
bancos da escola.

"Ceifar" o défice agrícola
A agricultura é um sector que está a crescer e a criar emprego, mas
que tem ainda um défice com o exterior tão grande que dava para pagar
toda a "refundação" do Estado.
Perto de quatro mil milhões de euros é o valor do défice comercial
agro-alimentar, que o Governo quer reduzir nos próximos anos.
Francisco Gomes da Silva entende que é possível equilibrar a balança,
mas avisa que é necessário valorizar mais a produção nacional através
do mercado externo e aumentar a produção, por exemplo, com a expansão
do regadio, aproveitando as potencialidades da barragem do Alqueva e
outros projectos. Alerta também para a urgência de medidas menos
burocráticas para o sector.

http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=93925

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