quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Veterinários admitem aceitar pagamentos a prestações

CRISE

por Lusa, publicado por Graciosa Silva14 janeiro 201314 comentários


Os consultórios e hospitais veterinários estão a aceitar pagamentos a
prestações para evitar que os animais faltem às vacinas ou deixem de
ter ração devido às dificuldades económicas dos donos, disse hoje
Bruno Rolo, do Sindicato dos Médicos Veterinários.

Em declarações à agência Lusa Bruno Rolo, membro da direção do
Sindicato Nacional dos Médicos Veterinários (SNMV), disse que a crise
económica está a afetar clínicas, consultórios e hospitais
veterinários já que os clientes, apesar da forte ligação aos seus
animais de estimação, mostram cada vez mais dificuldades em fazer os
pagamentos.
"Sempre existiram dívidas de clientes que tinham problemas em pagar,
mas atualmente sente-se com mais intensidade. [Hoje] toda a gente tem
casos de pessoas que pagam a crédito, a prestações", disse,
acrescentando que os veterinários têm verificado atrasos em consultas
e vacinas ou mesmo donos que evitam marcar cirurgias para os seus
animais ou deixam de comprar rações de boas marcas e 'brinquedos' para
os animais.
"Na minha clínica, não tenho muitas razões de queixa pois os meus
clientes regulares continuam a vir, mas não consomem tantas rações de
marca, passaram para as de marca branca. Evitam gastar na aplicação de
produtos de cosmética e tosquias (...). Na minha clínica facilito as
prestações e tenho alguns casos de pagamentos em atraso, porque não
tenho outra alternativa, não vou deixar de tratar os animais", disse.
Bruno Rolo salientou que a sua clínica não "é a Santa Casa da
Misericórdia dos animais", mas acaba por aceitar muitos casos sabendo
que os donos não têm capacidade para pagar, principalmente quando se
trata de reformados e desempregados.
Responsáveis de dois consultórios e um hospital da área metropolitana
de Lisboa contaram à Lusa que também estão a aceitar pagamentos a
prestações, porque os clientes não conseguem pagar e, se não
facilitarem, os animais acabam por ser abandonados.
Os mesmos responsáveis, que não quiseram ser identificados, referiram
que têm perdido muitos clientes, mesmo aqueles que possuíam apólices
de seguro que cobriam consultas, tratamentos e cirurgias.
O veterinário Bruno Rolo explicou à Lusa que, há uns anos, as
seguradoras criaram apólices específicas para os animais, não só de
responsabilidade civil, mas também com a vertente de comparticipação
de consultas, tratamentos, cirurgias ou medicamentos: No entanto,
segundo referiu, essas apólices não tiveram o sucesso esperado, ao
contrário do que se passa em muitos países europeus.
A Lusa contactou algumas seguradoras que confirmaram ter pacotes
direcionados para os animais e que têm registado quebras nas vendas
devido à crise que o país atravessa.
Fonte do gabinete de marketing e comunicação do Millennium bcp Ageas
Grupo Segurador (Ocidental Seguros) disse à Lusa que, em 2011, foram
vendidas 3.425 apólices do Seguro Pétis (de assistência veterinária e
medicamentosa), sendo que, até 12 de dezembro do ano passado, o número
de apólices vendidas foi de 2.866, o que representa uma quebra de
cerca de 16%.
Também uma fonte da seguradora Fidelidade adiantou que houve uma
quebra na adesão, enquanto a Mapfre e a Liberty Seguros referiram ter
tido um acréscimo no universo deste tipo de seguros.

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=2991940&page=-1

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