quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Alexandre Relvas testa vinho em garrafas de plástico

27 Fevereiro 2013, 20:35 por António Larguesa | alarguesa@negocios.pt


O projecto agrícola do presidente da Logoplaste aumentou 15% as vendas
no ano passado e prepara-se para surpreender este sector tradicional
para responder à exigência de um cliente internacional.
A Casa Agrícola Alexandre Relvas (CAAR) vendeu 2,5 milhões de garrafas
de vinho em 2012, aumentando a facturação em 15%, para 5,5 milhões de
euros, disse ao Negócios o administrador, Alexandre Relvas. Num ano de
"consolidação de mercados" – e são mais de 30 países –, o crescimento
foi sustentado sobretudo pela actividade no estrangeiro, que já vale
70% do negócio.

Bélgica, China, Estados Unidos, Brasil e Alemanha são os principais
mercados para os vinhos produzidos na Herdade de São Miguel e na
Herdade da Pimenta, localizadas no Redondo, onde trabalham 30 pessoas.
Ao todo, a empresa agrícola conta com 150 clientes e 15 mil postos de
venda em todo o mundo. "Pelo clima económico em Portugal e porque
queremos continuar a crescer e consolidar o projecto, os grandes
caminhos de crescimento são no mercado internacional". A Rússia e na
Coreia do Sul serão as grandes apostas para este ano.

Questionado sobre a ligação deste negócio à Logoplaste, em que
partilha o cargo de CEO com Filipe de Botton, Alexandre Relvas revelou
ao Negócios que vai "lançar brevemente os primeiros vinhos em PET"
[Politereftalato de etileno, um polímero termoplástico], para
corresponder ao pedido "de uma grandes superfícies" com quem trabalha
no estrangeiro. "Há uma associação entre as duas actividades [porque]
alguns clientes internacionais, grandes superfícies, começam a pedir
vinhos em PET". Outra inovação recente foi a inclusão nos rótulos de
uma tinta especial que muda a cor quando o produto atinge a
temperatura certa para consumo.

A operar num sector muito tradicional, que sempre engarrafou em vidro,
o empresário explicou que apenas está a "respeitar as tendências de
mercado" e não se sente "condicionado por nenhum tipo de preconceito".
Lembrou até que a mesma resistência surgiu inicialmente com o
"bag-in-box" [vinho em caixas de cartão] ou com o uso das tampas de
rosca. "São tendências de mercado a que não se pode deixar de dar
atenção e temos de ter resposta. Somos também produtores de cortiça
[plantou 100 hectares de sobreiro], mas não podemos deixar de ter
tampa de rosca para os clientes que a solicitem", acrescentou.

Aproveitar a boleia internacional dos retalhistas

Apesar de assentar o aumento das vendas na exportação, a CAAR também
cresceu "a uma taxa ligeiramente mais baixa" no mercado interno. Para
o ganho de quota de mercado em Portugal tem contribuído a "parceria
estreita com as grandes superfícies, como o Continente, Pingo Doce e o
grupo Auchan", que apresentou como "parceiros comerciais sólidos e
incentivadores". Quer aproveitar inclusive a internacionalização
destas retalhistas para colocar mais vinhos no estrangeiro, dando o
exemplo da entrada da Jerónimo Martins na Colômbia, com quem já
cooperou na Polónia.

Em 2013, o objectivo é atingir as três milhões de garrafas vendidas, o
equivalente a sete milhões de euros, e subir a quota de exportação
para 75%. No médio prazo, perspectivou, quer chegar às cinco milhões
de garrafas, o que permitirá à CAAR ter dimensão e ganhar
competitividade, mas também exigirá novos investimentos.

A produção de uva nos 100 hectares de vinha não chega para as
necessidades, obrigando a comprar 70% da matéria-prima a outros
produtores da região, onde "há muita uva disponível a preços
competitivos". Daí que não pretenda investir em vinha nos próximos
anos, concentrando o plano de investimentos na área comercial e de
vinificação.

Apesar de ter três linhas de marcas – Herdade de São Miguel, São
Miguel dos Descobridores e Ciconia – no total são sete as marcas que a
produtora tem no mercado. Isso não retira eficácia em termos de
promoção? "Traz complexidade em termos de produção, enchimento e
armazenagem e do ponto de vista comercial aparentemente não permite
investir numa marca, mas nos mercados internacionais, onde
dificilmente teremos notoriedade (só o Mateus Rose tem), esta divisão
em três marcas permite alargar o número de distribuidores e mais
proximidade com os consumidores", respondeu Alexandre Relvas.

http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/agricultura/vinho/detalhe/alexandre_relvas_testa_vinho_em_garrafas_de_plastico.html

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