quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Casa do Douro está numa situação "absolutamente insustentável"

Manuel António Santos, presidente da Casa do Douro, acusa o Governo de
falta de ação na resolução dos problemas da sua instituição, enquanto
há trabalhadores com 30 meses de salário em atraso. Assunção Cristas,
ministra da Agricultura, afirmou na semana passada na Assembleia da
República, que a solução para este problema vai ocorrer num futuro
próximo, em data oportuna.


foto ARQUIVO JN

Manuel António Santos

O presidente da Casa do Douro (CD), Manuel António Santos, afirmou,
esta quarta-feira, que o organismo está a ficar "sem oxigénio" e sem
que o Governo PSD/CDS-PP apresente qualquer proposta de resolução dos
problemas que se avolumam.

Sediada no Peso da Régua, a associação privada de direito público e de
inscrição obrigatória tem uma dívida ao Estado de 92 milhões de euros
e deve mais 20 milhões de euros que foram pedidos à Parvalorem,
ex-BPN.

Os trabalhadores do quadro privado possuem já 30 meses de salários em
atraso. "A CD está numa situação que, a continuar, é absolutamente
insustentável. O oxigénio está no fim porque os problemas avolumam-se
sem solução", afirmou à agência Lusa Manuel António Santos, que dirige
a instituição desde 1999.

O responsável referiu que, desde a tomada de posse do Governo de
Passos Coelho, não foi apresentada à instituição qualquer proposta.

Na semana passada, questionada pelos deputados no Parlamento sobre a
CD, a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, referiu que o
Ministério das Finanças está a tratar deste assunto e que, em tempo
oportuno, fará chegar à Assembleia da República uma iniciativa
legislativa.

Manuel António Santos referiu que não tem "conhecimento de nada" e que
pretende solicitar informações à ministra sobre este assunto, até
porque considera que a região "tem que ser ouvida".

O dirigente diz que é "absolutamente incompreensível" que o problema
da CD se arraste há 20 anos sem solução, recusando ainda que o
organismo duriense sirva de pingue-pongue entre o PSD, PS e CDS, que
acusou de "prometerem muito" e "fazerem muito pouco".

Manuel António Santos garantiu que a instituição "não é nenhum
sorvedouro de dinheiro público" e considerou que se vai esquecendo que
o Estado tem contas a fazer com o organismo.

Há anos que a CD reclama uma indemnização pela retirada de
competências - como o cadastro (registo dos viticultores e parcelas de
vinho) - que se traduziram na perda de receitas.

O responsável lembrou que há cinco anos a instituição propôs negociar
a dívida, entregando vinhos. Só que a CD avaliou os vinhos em stock em
cerca de 180 milhões de euros, enquanto o Instituto dos Vinhos do
Douro e Porto (IVDP) considerou que eles valem metade. A CD pediu uma
reavaliação dos vinhos e aguarda decisão judicial.

Manuel António refutou acusações de má gestão no organismo e salientou
que a atual direção conseguiu 50 milhões de euros de resultados
positivos em 10 anos. "Simplesmente, o serviço da dívida contraída
antes de 1999 come-nos todos os resultados positivos", frisou.

Chegaram a trabalhar na instituição duriense cerca de 400
trabalhadores. Hoje, restam 60, alguns dos quais pertencem ao quadro
privado e outros estão afetos ao setor público.

Manuel António considerou que os viticultores e trabalhadores que
acumulam salários em atraso "são as grandes vítimas de tudo isto".

"Não há mais tempo nesta instituição para estamos com medidas
paliativas. São situações de autêntica heroicidade da parte desta
gente, mas nós não podemos fazer milagres", frisou.

O mandato da atual direção termina este ano, não se sabendo, no
entanto, quando deverão decorrer as eleições.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=3051095&page=-1

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