sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Empresa francesa sabia que a carne das lasanhas era de cavalo, acusa governo de Paris

CLARA BARATA 14/02/2013 - 20:29 (actualizado às 20:18)
Resultado da investigação feita em França aponta para Spanghero, que
encomendou a carne usada para cozinhar refeições congeladas Findus.


A Spanghero nega as acusações do Governo francês JEAN-PHILIPPE ARLES /REUTERS

A empresa francesa Spanghero sabia que estava a enviar carne de cavalo
e não de vaca para que outra companhia confeccionasse as lasanhas
Findus, afirmou o ministro francês do Consumo, Benoît Hamon,
anunciando as conclusões da investigação sobre o escândalo que está a
atravessar a Europa. A empresa rejeita as acusações.

"O primeiro agente a marcar a carne como sendo de vaca foi a
Spanghero", disse Hamon. Este tráfico durava há vários meses e afectou
pelo menos 750 toneladas de carne, 550 das quais foram entregues à
Comigel, a empresa que preparava as lasanhas ultracongeladas da Findus
de 28 outras empresas à base de carne picada, através de outra empresa
situada no Luxemburgo, chamada Tavola. Mais de 4,5 milhões de
refeições terão sido preparadas com esta carne e vendidas em pelo
menos 13 países europeus, concluiu a investigação.

Vão ser enviados veterinários às instalações daquela empresa no
sudoeste de França, cuja autorização de funcionamento foi
imediatamente suspensa, anunciou ainda o ministro da Agricultura,
Stéphane Le Foll, garantindo que a Spanghero será alvo de sanções
judiciais, se se confirmar que é culpada. Hamon diz que a empresa terá
ganho 550 mil euros com a fraude.

Poderá vir a ser sancionada com multas de 37.500 euros para as pessoas
físicas e 187.500 euros para a sociedade, sublinhou le Foll.

A Spanghero, localizada em Castelnaudary, perto de Toulouse, no
entanto, diz que que encomendou carne de vaca e que foi isso que
julgou ter recebido do seu fornecedor.

Esta carne picada de cavalo — cerca de 45 toneladas de aproveitamentos
de carne, não bifes ou outras peças de melhor qualidade — terão sido
compradas pela Spanghero à empresa Draap Trading, de um holandês que
vive em Antuérpia, Jan Fasen, mas com sede em Chipre.

Fasen foi condenado em 2012 por falsificar documentos que usou para
vender carne de cavalo sul-americana como se fosse vaca holandesa
abatida segundo os ritos muçulmanos, revelou a rádio holandesa NOOS.
Mas, desta vez, garante que a carne de cavalo que comprou a dois
matadouros romenos era de cavalo e que estava perfeitamente
identificada como tal.

"Quando se quer carne de vaca, eles entregam vaca. Não há problemas.
Quando se pede cavalo, entregam cavalo. Nunca, mas nunca, entregam
cavalo em vez de vaca. Tinha 100% de certeza que estava a comprar
vaca", disse Fasen ao jornal britânico The Guardian.

"Vendemo-la à Spanghero em França, e a alguns clientes na Bélgica e na
Holanda, como cavalo. Alguém fez um erro, mas definitivamente não
fomos nós", garantiu.

No Reino Unido, entretanto, a polícia anunciou a prisão de três homens
por acusações de fraude com carne de cavalo, na investigação a dois
matadouros, um no País de Gales e outro no Yorkshire.

Estas prisões seguem-se à revelação de que seis carcaças de cavalo
importadas de França tinham vestígios de um anti-inflamatório usado
para aliviar a dor nos cavalos - fenilbutazona - que nos seres
humanos, em casos raros, pode causar efeitos secundários graves.
"Seria preciso comer 500 a 600 hambúrgueres de 250 gramas por dia para
ter uma dose que fizesse efeito em seres humanos", comentou ao
Guardian a directora-geral de Saúde britânica, Sally Davies.

Notícia corrigida às 10h25

http://www.publico.pt/mundo/noticia/empresa-francesa-sabia-que-a-carne-das-lasanhas-era-de-cavalo-acusa-governo-de-paris-1584499

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