quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Jovens de Vieira do Minho fintam a crise com aposta na agricultura

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6 de Fevereiro, 2013

Carla Pacheco, 36 anos, professora sem colocação, não baixou os braços
e decidiu fintar a crise apostando na criação de porco bísaro, tendo
hoje recebido um diploma de formação profissional que lhe confere o
título de jovem agricultora.
"Não gostei muito de ouvir os conselhos que deram aos professores não
colocados para emigrarem para os países lusófonos e decidi dedicar-me
aos animais, aproveitando até o facto de o meu marido ser um
agricultor de gema", referiu.

Como sublinhou, a sua aposta é ficar no seu país, criar emprego para
si e para outros, embora continue à espreita de uma oportunidade no
ensino.

É licenciada em Educação de Infância e fez um mestrado em Educação
Especial, mas pelo segundo ano consecutivo sem colocação.

No futuro, quando for colocada, promete dividir a sua actividade "a
meias" pelo ensino e pela criação de porcos.

"Apaixonei-me por isto, consigo encontrar nos animais a sinceridade
que não encontramos nas pessoas", confessou.

Hoje, em Vieira do Minho, Carla e 15 outros jovens agricultores
receberam os diplomas de formação profissional, depois de terem
frequentado cursos, promovidos pela Confederação Nacional das
Cooperativas Agrícolas de Portugal (Confagri).

Outro jovem hoje "entronizado" agricultor foi Eduardo Carvalho, 22
anos, licenciado em Música e docente da disciplina, que também decidiu
dedicar-se à criação de bovinos de raça minhota, com a ajuda e o saber
de experiência feito dos pais.

"Digamos que vejo nisto um segundo emprego, a pensar no futuro", atirou.

Tem 22 animais e, se preciso for, está disposto para lhe dar música
para a carne ficar melhor.

"Dizem que para o leite a música funciona, quem sabe também poderá
funcionar para a qualidade da carne?", questionou.

No grupo hoje "diplomado", há ainda licenciados em Gestão, empregados
da construção civil, carpinteiros, electricistas ou estudantes de
engenharia, entre muitas outras profissões.

Em comum, todos têm a juventude, tendo o mais velho do grupo 38 anos.

O presidente da Confagri, Manuel dos Santos Gomes, enalteceu esta
aposta no rejuvenescimento da agricultura portuguesa, lembrando que
actualmente Portugal se destaca na União Europeia por ser o país onde
a agricultura está mais envelhecida.

Segundo disse, quase 50 por cento dos agricultores portugueses têm
mais de 65 anos e apenas 2,5% têm menos de 35 anos.

Lusa/SOL

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=67740

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