quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Os dados do 6.º Inventário Florestal Nacional: Exótica domina o espaço florestal português

Está agendada para o início da próxima semana a apresentação pública
dos resultados do 6.º Inventário Florestal Nacional (IFN6).

De acordo com os resultados preliminares tornados públicos, o
eucalipto domina os espaços florestais nacionais, contudo, os dados
apontados, de 750 mil hectares de eucaliptal, merecem a maior reserva,
por serem considerados muito aquém da realidade. Entre povoamentos
puros e povoamentos onde se encontra misturado com outras espécies,
onde o eucalipto predomine ou seja minoritário, a expetativa aponta
para valores mais próximos de um milhão de hectares de eucaliptal em
Portugal, a quinta maior área no Mundo. A área de eucalipto em
Portugal duplicou nos últimos 30 anos, essencialmente pela reconversão
de áreas de pinhal bravo ou pela florestação de solos anteriormente
com uso agrícola. A produtividade média anual contudo mantém-se
inalterada.



Por princípio, a Acréscimo não se manifesta quanto a espécies
específicas, mesmo exóticas, desde que não invasoras e desde que sejam
assumidas medidas mitigadoras dos impactos que estas possam causar nos
ecossistemas nacionais, e pela dimensão da área que ocupem sejam
geradoras de mais-valias para a atividade silvícola e para a economia
florestal.

Todavia, são vários os indicadores que contrariam os benefícios desta
duplicação da área de eucaliptal.

No que respeita aos preços unitários pagos à produção (à porta da
fábrica), fator decisivo para a rentabilidade do negócio silvícola e
assim fundamental para a garantia de uma gestão florestal ativa,
regista-se, de acordo com os valores expressos na Estratégia Nacional
para as Florestas (ENF), uma redução superior a 40% entre 1990 e 2005.
As últimas Contas Económicas da Silvicultura, publicadas pelo INE em
junho de 2012, não contrariam esta tendência ao longo da última
década.

Apesar da duplicação da área de eucaliptal em Portugal, o peso do
Valor Acrescentado Bruto da silvicultura no VAB nacional e o peso do
setor florestal no PIB evidenciaram francas reduções, no primeiro caso
de 67% entre 1990 e 2010 e no segundo de 40% ao longo da década
2000-2010. Poder-se-à constatar que, quanto maior a degradação do
montado, menor a área de pinhal bravo e maior a área de eucalipto,
menor é o valor económico da floresta portuguesa e menor é o peso do
setor florestal no Produto Interno Bruto.

Contudo, o problema de fundo reside ao nível da gestão florestal. Os
dados do IFN6 apontam para a substituição, em número de hectares, de
uma espécie lenhosa, com elevada combustibilidade e com deficiente
gestão, por outra espécie lenhosa, exótica, de elevada
combustibilidade e com deficiente gestão. A ausência de uma adequada
gestão florestal tem como resultado a propagação dos incêndios e a
proliferação de pragas e de doenças. Consequências essas que têm sido
cada vez mais evidenciadas nos últimos anos em Portugal.

Em conclusão, os dados do IFN6, acrescidos da massificação do
eucaliptal em Portugal (por massificação entenda-se o aumento
indiscriminado de área, sem uma aposta na gestão e na melhoria da
produtividade) permitem perspetivar a manutenção do status quo, com a
diminuição do peso económico da floresta e a sua destruição pelo fogo,
pragas e doenças.

Lisboa, 6 de fevereiro de 2013

A Direção da Acréscimo

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/02/07b.htm

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