terça-feira, 26 de março de 2013

Abrir alas ao Vintage 2011

25.03.2013

Há muito que se esperava e vai-se confirmar. O ano de 2011 será
declarado pelos operadores do Vinho do Porto como vintage.
Após aprovação das amostras pela Câmara de Provadores do IVDP
(Instituto dos Vinhos do Douro e Porto) os produtores podem anunciar o
vinho como vintage, engarrafando-se, obrigatoriamente, entre o 2º e 3º
ano após a vindima.
Trata-se de um vinho retinto, o melhor que o Douro pode produzir em
vinho novo, potencialmente capaz de viver entre 50 a 100 anos em
garrafa.
Com a diversidade que se conhece no Douro é quase sempre possível
fazer um vintage, umas vezes de topo e outras que «quase topo», estes,
vinhos que sendo bons têm menos longevidade, mas a enorme vantagem de
um preço mais acessível. Assim, algumas empresas nos melhores anos
declaram o vinho com o nome da empresa e nos outros anos com nomes
diferentes (de quinta ou não); um exemplo: nos anos de topo temos um
vintage Taylor's, nos outros um vintage Quinta de Vargellas.
Ora tudo leva a crer que o 2011 será declarado como topo por todas as
empresas, ganhando assim o estatuto de vintage clássico.
Numa ronda por algumas empresas – grupo Sogrape (Ferreira, Offley e
Sandeman), Sogevinus (Burmester, Kopke, Barros, Cálem), Niepoort,
Ramos Pinto, Noval, Andresen e Symington (Graham, Warre, Dow's e Qta.
do Vesúvio), de todos tivemos a notícia que o vintage declarado será
de topo.
Um clássico, portanto. Só o grupo Taylor's (Taylor, Fonseca e Croft)
se reserva sempre para o dia 23 de Abril (dia de S. Jorge) para
declarar o seu vintage.
Seguramente não deixará também se ser clássico. Estes são os vinhos de
grande guarda e se o seu filho/neto/sobrinho nasceu em 2011 saiba que
pode deixar-lhe uma bela herança se adquirir uma caixa de Porto
vintage.
A partir do Verão/Outono deste ano os vinhos começarão a chegar ao
mercado e, quanto mais cedo os adquirir mais vantajoso será o preço. É
que depois vêm as classificações dos gurus internacionais e nunca se
sabe o que virá a seguir.
Já com a colheita de 2012 em casa, os produtores já têm uma noção da
qualidade da mesma e, se vão declarar este 2011 como clássico é
porque, seguramente, é melhor que o 2012.
Por isso nada de esperas. E, como curiosidade e para os apreciadores
dos temas da numerologia, fique-se com esta triste sina: os anos
terminados em 3, alternam o bom com o muito fraco.
Ora repare: 1963 – ano excepcional; 1973 - ano miserável; 1983 – ano
excepcional; 1993 – ano miserável; 2003 – ano excepcional.
Infelizmente estamos em 2013, o que pode não augurar nada de bom. Mas
como entretanto vamos ter novo Papa, seguramente ele vai deitar água
benta no Douro e tudo se irá compor.
De água no solo (ainda que não seja benta) não se podem, pelo menos queixar…


n Expresso, Revista, 16 Março 2013

http://www.joaopaulomartins.com/artigos.php?e=163

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