sábado, 13 de abril de 2013

Assunção Cristas diz que a agricultura portuguesa é um "oásis" no meio da crise

Alfredo Prado
10/04/2013 17:05
No final de uma visita de três dias ao Brasil, Assunção Cristas
promete incentivos e inovação e diz que a agricultura portuguesa é um
"oásis" no meio da crise. Em entrevista ao Portugal Digital, fala das
exportações para o Brasil e do potencial português para acolher
empresas brasileiras.
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António Araújo
Assunção Cristas reuniu-se com o ministro brasileiro da Agricultura.

Brasília - A agricultura portuguesa é um "oásis", comparativamente ao
que se passa nos restantes setores econômicos do país, e a inovação é
uma mais-valia que Portugal tem para oferecer aos empresários e
investidores brasileiros. Esta é a chave do discurso da ministra da
Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território,
Assunção Cristas, que concluiu, quarta-feira (10), uma visita de três
dias ao Brasil, com passagens por São Paulo, Ribeirão Preto e
Brasília.

As expectativas em relação ao Brasil, a crise em Portugal, as medidas
de austeridade, foram alguns dos assuntos abordados durante entrevista
aoPortugal Digital, na capital federal.

"São tempos particularmente duros, mas não podemos gastar o que não
temos; quem nos dá o dinheiro são os nossos credores", diz a ministra,
a propósito das dificuldades enfrentadas pelos portugueses.

Na bagagem de regresso a Lisboa leva um memorando de entendimento
assinado com o ministro da Agricultura do Brasil, António Andrade,
com o objetivo de agilizar o processo burocrático, em particular na
área fitossanitária, visando facilitar as exportações portuguesas de
frutas, e um convite à ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira,
para participar de uma conferência internacional a realizar em
Portugal sobre alterações climáticas, no início de outubro. A ministra
leva ainda a satisfação de ter mostrado o potencial de Portugal aos
empresários com quem falou.

Assunção Cristas enfatiza o bom relacionamento existente com o governo
brasileiro na área agrícola e destaca os protocolos assinados em 2012
relativos às condições de importação pelo Brasil dos azeites e dos
vinhos portugueses. "O mercado brasileiro está mais disponível para os
produtos portugueses", avalia. Fala dos avanços de Portugal em
tecnologia e inovação. Refere, como exemplos de inovação, o ovo frito
congelado, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de
Guimarães, ou as barras de frutas frescas.

Aos tradicionais azeites, vinhos e bacalhau, com o peso maior no
comércio com o Brasil, juntaram-se, mais recentemente, as frutas.
Assim, no ano passado, as exportações de frutas para o Brasil, como
peras, pêssegos e castanhas, entre outras, somaram 40 milhões de
euros, ganhando a segunda posição, no segmento dos alimentos, depois
dos azeites, com 156 milhões de euros, e à frente dos vinhos, que
renderam aos exportadores lusos 29 milhões de euros, de acordo com
números avançados pela ministra. Mas, o crescimento das vendas de
Portugal na área alimentar ainda está longe de equilibrar a balança
comercial, que continua a ser claramente favorável ao Brasil, graças
ao açúcar.

Assunção Cristas diz que veio ao Brasil "lançar o repto aos
empresários brasileiros para olharem para Portugal como destino de
investimentos, como entrada para um mercado de comércio livre de cerca
de 500 milhões de pessoas".

A ministra justifica o desafio, que se tornou quase um slogan
obrigatório nas visitas de governantes portugueses ao Brasil, com a
afirmação de que Portugal é uma boa porta de entrada na União
Europeia, pois oferece bons incentivos e possibilidades de agregar
valor, já no espaço europeu, aos produtos agrícolas brasileiros.
Cita, a título de exemplo, a possibilidade de beneficiação em Portugal
do amendoim e da qualidade do café beneficiado.

Aos empresários brasileiros, Assunção Cristas promete incentivos
fiscais, incentivos à contratação de mão de obra, facilidades na
obtenção de autorização de residência e até de nacionalidade, por meio
do chamado "visa gold".

Apesar de admitir a existência de queixas e protestos dos pequenos
agricultores portugueses, confrontados com dificuldades na obtenção de
financiamentos, a ministra manifesta satisfação com o estado do setor.
Diz que a agricultura portuguesa é um "oásis" face à crise que atinge
o país. Avança com números: o ano passado o setor agro-alimentar em
Portugal cresceu 2,8%, quando a economia do país recuava quase 3%;
refere o crescimento em 20% das candidaturas de jovens a programas do
governo para a agricultura; e lembra o protocolo assinado com oito
bancos do país, num total de 1,5 milhões de euros, para crédito
agrícola.

Com discurso fácil, Assunção Cristas - jurista, professora de direito,
dirigente do CDS, partido conservador integrante do governo de
coligação com o PSD, do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho - admite
que Portugal vive "tempos particularmente duros" e justifica a
política de "austeridade" definida pelo governo e pelos credores
internacionais, a chamada "troika", formada pelo Fundo Monetário
Internacional (FMI), Banco Central Europeu e Comissão Europeia. "Não
podemos gastar o que não temos", afirma.

A possibilidade de renegociação das condições do empréstimo de 78
bilhões (mil milhões) de euros, defendida pela generalidade dos
partidos da oposição, é contestada pela ministra. "Há uma linha muito
clara do governo que é evitar ao máximo um segundo resgate, que
prolongaria ainda mais as dificuldades" dos portugueses, defende.

- E o recente anúncio do ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que
coloca novo freio às despesas dos ministérios? Assunção Cristas
responde com nova manifestação de solidariedade à política
governamental: "Estamos solidários e empenhados em contribuir para
esse esforço", diz. - Ainda tem onde cortar despesas no seu
ministério? Por segundos hesita e depois responde: " Não podemos
deixar de pagar salários, a água e a luz".

Quanto à remodelação governamental, defendida por diversos setores
políticos, inclusive por figuras políticas ligadas ao CDS, o partido
de Assunção Cristas, a ministra aparenta desinteresse. "São matérias
que não me preocupam; é assunto exclusivamente do sr.
primeiro-ministro [Passos Coelho]. A minha linha é trabalhar para que
haja crescimento econômico".

http://www.portugaldigital.com.br/politica/ver/20076395-assuncao-cristas-promete-incentivos-e-inovacao-e-diz-que-a-agricultura-portuguesa-e-um-qoasisq-no-meio-da-crise

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