segunda-feira, 8 de abril de 2013

Universidades estudam arquitetura rural transfronteira no Douro Internacional

Publicado ontem às 11:09

Uma equipa de peritos da área da arquitetura está a desenvolver um
estudo «pioneiro» da morfologia e organização das construções rurais
genuínas da região transfronteiriça do Douro Internacional.

«Este trabalho assenta no conhecimento da arquitetura rural dos dois
lados da fronteira e ao mesmo tempo tenta perceber se a agricultura
praticada na região gerou formas arquitetónicas diferentes em termos
de escala e uso de materiais, relativos à qualidade de vida que cada
comunidade procurava», disse à Lusa Manuel Diogo, coordenador do
projeto.

O trabalho, que junta as faculdades de Arquitetura da Universidade
Lusíada do Porto, Técnica de Lisboa e Escola Técnica Superior de
Valladolid, vai caracterizar a arquitetura, os espaços privados e
públicos daquela região e a importância dos vazios na organização dos
próprios núcleos rurais.

Do lado português, a investigação desenvolve-se no território
compreendido pelos concelhos de Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro,
enquanto do lado espanhol o trabalho envolve toda a zona raiana da
Província de Zamora, sobretudo a que enquadra o Parque Natural das
Arribas do Douro.

«É importante que se invista na recuperação deste património para que
aja uma alternativa a vida nas cidades e evitar o despovoamento do
mundo rural», frisou.

O projeto foi aprovado e financiado em 75 mil euros pela Fundação para
a Ciência e a Tecnologia, tendo recebido a classificação de
«excelente» pelo painel de avaliadores constituído por peritos
internacionais provenientes de universidades americanas e gregas.

«Desde há muito tempo que é decisivo para Portugal desenvolver um
trabalho que se direcione para um terreno que tem sido permanentemente
ostracizado, como é caso do interior, e fazer com que os jovens
regressem à terra », disse Manuel Diogo, que foi também secretário de
Estado da Administração Interna no governo de Antonio Guterres.

«Há pessoas a recuperar casas nas aldeias, outras a vender, mas o
importante seria criar condições para o regresso de população as zonas
raianas do interior», acrescentou.

Manuel Diogo disse conhecer este património raiano evidenciando ainda
a oportunidade deste projeto perante as ameaças de descaracterização
provocadas pela «gradual desagregação e pela perda de identidade da
imagem do mundo rural, marcando o desajustamento e as assimetrias da
relação campo/cidade, e interior/ litoral».

Este projeto de investigação pretende agora fornecer informações
importantes às próprias comunidades de fronteira e contribuir para o
reforço do conhecimento científico que tem vindo a desenvolver-se
sobre os ambientes patrimoniais na Europa, uma vez que o resultado a
alcançar será de uma publicação obrigatória.

O trabalho de investigação tem a duração de três anos.

http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=3151715&page=-1

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