segunda-feira, 27 de maio de 2013

Países africanos crescem na compra de bens alimentares portugueses

Quinta-Feira, 23 Maio de 2013
Marrocos, Argélia, Tunísia e África do Sul destacaram-se entre os
países africanos que não falam português nas compras de bens
portugueses, um acréscimo que acompanha o crescimento de algumas
economias subsarianas que deverá ser de 5 por cento em média até 2015.
Vinho, águas, leite, frutas, azeite, hortícolas e tabaco são os
produtos portugueses mais comprados.

As vendas internacionais portuguesas para países africanos não
falantes de língua portuguesa estão a crescer e os quatro maiores
importadores duplicaram em 2012 nestas aquisições de produtos
portugueses face a 2009. Marrocos, Argélia, Tunísia e África do Sul
foram responsáveis pela compra de 1,1 mil milhões de euros em 2012
quando em 2009, estas aquisições de produtos portugueses renderam
apenas 581 milhões de euros.
Entre os países africanos que não falam português, e no que concerne a
produtos agro-alimentares portugueses, Marrocos foi o país que mais
comprou em 2012: 460 milhões de euros. Os produtos da indústria
alimentar lideraram estas aquisições com a aquisição de 24,6 milhões
de euros (Marrocos comprava 215 milhões de euros em 2009), indústria
onde Marrocos compra tabaco em grandes quantidades (20,8 milhões de
euros) e frutas (1,5 milhões de euros). Entre os produtos do reino
animal, este país adquiriu 9,8 milhões de euros, divididos entre leite
e nata (7,4 milhões de euros) e manteiga (1,4 milhões de euros).
Entre este grupo de países, a Argélia foi o segundo país que mais
comprou produtos portugueses, com um valor de 427,7 milhões de euros
(a Argélia comprava apenas 197,4 milhões de euros em 2009). No que
concerne aos bens alimentares portugueses, os produtos da indústria
alimentar renderam 4,1 milhões de euros, sendo que os produtos
hortícolas preparados ocuparam uma quantia de 1,1 milhões de euros.
Entre os produtos do reino vegetal, que ocupam uma quantia de 1,6
milhões de euros, destaca-se a compra de produtos hortícolas (921 mil
euros) e frutas (595 mil euros).
Apesar de ser o terceiro país africano que mais compra a Portugal (114
milhões de euros em 2012), entre este conjunto de países, a Tunísia é
quem menos gasta em bens alimentares portugueses. Os bens alimentares
nacionais mais comprados pelos tunisinos a Portugal passa pelo leite e
nata concentrados (322 mil euros).
A África do Sul é o quarto país que mais compra a Portugal entre os
países africanos não falantes de português: 102 milhões de euros (em
2009, as compras a Portugal eram de 53 milhões de euros). Os produtos
da indústria alimentar atraíram 8,8 milhões de euros, sobretudo no que
diz respeito a tabaco (2,6 milhões de euros), preparações alimentícias
(1,7 milhões de euros), preparações de carne e peixe (1,3 milhões de
euros), preparações de cereais (1,1 milhões de euros) e vinhos e águas
(1,1 milhões de euros). As gorduras e óleos vegetais portugueses
também atraíram a atenção dos sul-africanos com um total de compras de
2,1 milhões de euros, entre óleos refinados (986 mil euros), azeite
(721 mil euros) e margarina (223 mil euros).
Entre os países africanos que não falam português, existem
crescimentos na importação de produtos portugueses em países que em
2009 apresentavam valores muito modestos na balança comercial com
Portugal. O Togo comprou 36 milhões de euros em 2012 quando em 2009
essas compras eram de 1,8 milhões de euros; o Malawi comprava apenas
596 mil euros em 2009 e em 2012, essas vendas já eram de 27 milhões de
euros.

Crescimento de 5 por cento

O crescimento económico na África Subsariana deverá cifrar-se em mais
de 5 por cento, em média, no período 2013-2015, em virtude dos
elevados preços mundiais das matérias-primas e dos gastos robustos dos
consumidores do continente, que assim garantem que a região se manterá
entre as de maior crescimento no mundo, segundo os dados da mais
recente edição de Africa's Pulse do Banco Mundial, uma análise bianual
das questões que determinam as perspectivas económicas de África.
Em 2012, cerca de um quarto dos países de África cresceram 7 por cento
ou mais e uma série de países africanos, nomeadamente a Serra Leoa,
Níger, Costa do Marfim, Libéria, Etiópia, Burkina Faso e Ruanda,
situam-se agora entre as nações de mais rápido crescimento do mundo.
O novo relatório do Banco Mundial prevê que as perspectivas de
crescimento a médio prazo se irão manter robustas e serão apoiadas por
uma gradual melhoria da economia mundial, preços sustentadamente
elevados das matérias-primas e maior investimento em infra-estruturas
regionais, comércio e crescimento dos negócios.

Minérios dão impulso

A publicação Africa's Pulse revela que recentes descobertas de
petróleo, gás natural, cobre e outros minérios estratégicos, e a
expansão de várias minas ou abertura de novas, em Moçambique, Níger,
Serra Leoa e Zâmbia, a par de uma melhor governação política e
económica, estão a sustentar um sólido crescimento económico em todo o
continente.
Olhando o futuro, prevê-se que em 2020 haverá apenas quatro ou cinco
países na região que não estejam envolvidos na exploração de algum
tipo de minério, tal é a abundância de recursos naturais em África.
Diz o Banco Mundial que, atendendo ao volume de receitas provenientes
de minérios que estão a ser explorados em toda a região, os países de
África ricos em recursos terão, em consciência, de investir estes
novos ganhos em melhor saúde, mais educação, emprego e na redução da
pobreza dos seus povos, de forma a maximizar as perspectivas nacionais
de desenvolvimento.

Consumo e investimento

O consumo das famílias, que representa mais de 60 por cento do PIB em
África, manteve-se robusto em 2012. Esta tendência foi estimulada pela
queda da inflação, que desceu de 9,5 por cento em Janeiro 2012, para
7,6 por cento em Dezembro 2012; pela melhoria no acesso ao crédito,
por exemplo em Angola, Gana, Moçambique, África do Sul e Zâmbia; taxas
de juro mais baixas – por cada subida de juros registaram-se três
cortes; e uma retoma nos rendimentos agrícolas, graças a mais
favoráveis condições climatéricas em países como a Guiné, Mauritânia e
Níger, que todos tiveram melhores condições pluviais em comparação com
a safra do ano 2010/2011; e por um comportamento estável da entrada de
remessas, calculada em 24 mil milhões de euros em 2012 e 2011.
Um crescimento no fluxo de investimentos tem apoiado o desempenho do
crescimento da região. Em 2012, por exemplo, os fluxos líquidos de
capital privado para a região aumentaram 3,3 por cento, para um total
record de 41,7 mil milhões de euros; e os fluxos de investimento
directo estrangeiro para a região aumentaram 5,5 por cento em 2012,
atingindo 28,8 mil milhões de euros.

Perspectivas de crescimento

A publicação Africa's Pulse sugere que uma série de tendências
emergentes no continente poderão ajudar a transformar o seu actual
estádio de desenvolvimento nos próximos anos. Essas tendências incluem
a promessa de avultadas rendas da exploração mineira, a subida dos
rendimentos graças a uma espectacular expansão da produtividade
agrícola, a migração em larga escala de habitantes do interior para as
pequenas e grandes cidades de África, e um dividendo demográfico que
será potencialmente criado pela população jovem de África, que está em
rápido crescimento.
"Se forem devidamente aproveitadas para realizarem todo o seu
potencial, estas tendências contêm a promessa de maior crescimento,
muito menos pobreza e o acelerar, num futuro previsível, de uma
prosperidade partilhada nos países africanos", salienta Punam
Chuhan-Pole, co-autor da publicação Africa's Pulse e Economista-Chefe
Região África do Banco Mundial.

http://www.mundoportugues.org/content/1/11371/paises-africanos-crescem-compra-bens-alimentares-portugueses/

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