terça-feira, 14 de maio de 2013

Plantações de chá dos Açores produzem 50 toneladas anuais e são as únicas da Europa

13-05-2013



As duas únicas plantações de chá com fins industriais da Europa ficam
na ilha de S. Miguel, nos Açores e, com uma produção anual de cerca de
50 toneladas, para além de serem também um produto turístico da ilha.

Chegou a haver seis fábricas de chá na costa norte da ilha de S.
Miguel e entre os anos de 1980 e o início deste século só uma, a
Gorreana, na freguesia da Maia, Ribeira Grande, continuou a funcionar.

Esta fábrica produz chá preto e verde e, com os seus 32 hectares de
plantação e as 38 toneladas que produz em média por ano, segundo disse
à Lusa o responsável pela Gorreana, Hermano Mota, continua a ser a
maior.

A outra fábrica em funcionamento é a Chá Porto Formoso, também no
concelho da Ribeira Grande, que voltou a abrir em 2001. A produção é
pequena, com cinco hectares de plantação e produz entre 12 e 14
toneladas de três variedades de chá preto por ano, vendendo cerca de
60 por cento da produção na própria loja do espaço da fábrica. O
restante é vendido nos Açores e uma pequena parte nas chamadas lojas
"gourmet" do resto do país.

«Hoje em dia, o chá é um produto turístico. Nós só estamos no mercado
porque é um produto turístico», disse à Lusa José António Pacheco,
proprietário da fábrica, que recebe cerca de vinte mil visitantes por
ano.

Os turistas visitam a fábrica e a plantação, podem passar por um
espaço museológico, provar o chá e assim também «conhecer um pouco da
história dos Açores», sublinhou.

No caso da Gorreana, que também se pode visitar, em 2012, cerca de 47
por cento da produção destinou-se ao mercado açoriano, «trinta e
qualquer coisa por cento» foi para o continente e o restante foi
vendido para o estrangeiro, com a França a superar as vendas para a
Alemanha recentemente, por causa do chá verde e por a fábrica ter
conseguido entrar numa «boa casa de distribuição francesa», segundo
Hermano Mota.

De acordo com este responsável, as vendas para o continente têm
«muitas oscilações», enquanto nos Açores o consumo de chá «faz parte
do dia-a-dia».

As primeiras plantas de chá chegaram aos Açores, vindas do Brasil, no
século XVIII, segundo diversos registos e citações na imprensa local.
Inicialmente, era uma planta ornamental, que se dava bem com o clima
temperado e as chuvas da ilha e ganhava aroma com o subsolo vulcânico.

As plantações de chá e o fabrico foram depois impulsionadas pela
Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense que, em 1878, levou dois
chineses até S. Miguel para ensinarem os locais o processo de
produção.

«Não há uma casa em Porto Formoso onde não se beba um chá de manhã»,
garantiu Luísa Teixeira, antiga apanhadeira de chá, recebendo a
concordância de Luísa Cabral e Dionísia Rei.

As três estiveram no sábado passado na fábrica Chá Porto Formoso,
integrando um grupo de cem figurantes que recriaram a colheita manual
da folha do chá, como acontecia na primeira metade do século XX, e «a
vivência associada ao chá» na ilha de S. Miguel.

«O chá na ilha de S. Miguel tem uma história muito rica e, associada a
essa cultura agrícola, há uma etnografia interessante que importa
divulgar», defendeu José António Pacheco.

Luís Teixeira, Luísa Cabral e Dionísia Rei lembram-se bem de quando
havia várias fábricas na região e as famílias tinham plantações
próprias de chá. Entre Maio e Setembro, carregavam-se «camiões» de
folha de chá para as fábricas, garantiram, lembrando ainda os «ranchos
de mulheres» que a apanhavam, em jornadas de trabalho, mas também de
alguma festa e de muitos «bordados e rendas» na pausa para o almoço.

A partir dos anos de 1960, as fábricas foram fechando e as plantações
foram sendo substituídas por pastos para as vacas. Ainda assim, restam
«três ou quatro famílias» em Porto Formoso com plantas de chá preto
nos seus terrenos e que produzem todo o chá que consomem durante um
ano. No caso de Adelina Rebelo, 40 anos e filha de Luísa Teixeira,
isso significa um a dois quilos por cada apanha.~

Fonte: Lusa

http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia46440.aspx

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